Semana começa com mais 703 mortes por covid-19

Governo Bolsonaro insiste em comemorar número de recuperados, quando ele apenas serve para confirmar taxa de letalidade.

Fiocruz inaugura Unidade de Apoio ao Diagnóstico da Covid-19 no Rio Foto: Peter Ilicciev/Fiocruz

A doença provocada pelo novo coronavírus deixou 101.752 mortes no país, segundo a atualização mais recente do Ministério da Saúde; foram registrados 703 novos óbitos nas últimas 24 horas. Ao todo, o Brasil soma 3.057.470 diagnósticos, com 22.048 casos confirmados entre ontem e hoje.

De acordo com a pasta, 2.163.812 pessoas são consideradas recuperadas da doença, enquanto 791.906 seguem em recuperação.

Para que serve o número de recuperados?

Segundo o governo Bolsonaro, a parte branca do mapa equivale ao número de brasileiros que sobreviveu à covid-19…

Cinco meses após registrar a primeira morte, em março, o Ministério da Saúde insiste em enfatizar, em primeiro lugar, que dos cerca de 3 milhões de infectados, quase 2,2 milhões foram recuperados da Covid-19. O governo Bolsonaro reforça este número de recuperados, dia após dia, como sinônimo de que o Brasil está conseguindo controlar a pandemia, quando ele apenas reforça a taxa de letalidade da doença.

O ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, chegou a dizer em maio que a imprensa vem fazendo uma “cobertura maciça de fatos negativos”. Naquela ocasião, o Ministério da Saúde chegou inclusive a postar diariamente o que chamou de Placar da Vida, com dados atualizados de “brasileiros salvos”.

No entanto, especialistas descrevem essa estratégia como “negacionismo”, por fazer parecer que a evolução da pandemia está melhorando, contra todos os dados realmente relevantes. A curva de infectados e mortos atingiu um platô alto e vem se comportando de forma bastante distinta da de outros países. O Brasil permanece, há meses, com a curva paralisada no alto, enquanto a maioria dos países chegou ao pico e imediatamente começou a cair, conforme as medidas de isolamento social foram fazendo efeito. No Brasil, no entanto, como o isolamento social não é estimulado pelo governo, alguns locais reduziram a curva de mortes, mas outros continuam em pleno crescimento.

Como o coronavírus é um vírus que normalmente mata menos de 5% das pessoas que foram infectadas e tiveram sintomas, é lógica matemática que mais de 95% vão se recuperar.

Mas os números de recuperados no Brasil também é um indicador ruim para ser destacado com otimismo. O Brasil contabiliza 100 mil mortes para 2,2 milhões de recuperados. Isso significa uma pessoa morta para 22 que se recuperaram da doença. Essa proporção é muito inferior à de outros países que conseguiram controlar a pandemia como a Coreia do Sul, referência quando se trata de testagem em massa. Ali, foram 305 mortos para 13,7 mil recuperados. Ou seja, uma pessoa morreu para 45 que se recuperaram da doença.

Na Argentina foram 4,6 mil mortos para 170 mil recuperados. Isso equivale a um morto para 37 recuperados. No Chile, um dos países com uma das maiores taxas de mortalidade por 100 mil habitantes, a proporção é de um morto para 34 recuperados, a mesma do Peru.

Estratégia negacionista de enfatizar número de recuperados visa a esconder o absurdo platô e mortes paralisado em mais de mil casos por dia há quase três meses

Estados

No total, 8 estados apresentaram alta de mortes: RS, SC, MG, SP, MS, AM, TO e BA.

Em relação a domingo (9), SP, MS, TO e BA estavam com a média de mortes em estabilidade e, agora, estão subindo.

  • Subindo: RS+22%, SC+55%, MG+46%, SP+19%, MS+28%, AM+43%, TO+20% e BA+16%.
  • Em estabilidade, ou seja, o número de mortes não caiu nem subiu significativamente: ES-10%, DF-6%, GO+10%, MT+3%, AP+8%, PE-9%, PI-4% e RN-11%.
  • Em queda: RJ-32%, AC-26%, PA-41%, RO-50%, RR-23%, AL-18%, CE-25%, MA-35%, PB-18% e SE-29%.
  • O estado do Paraná não divulgou os dados até as 20h. Considerando os dados até 20h de domingo (9), estava em estabilidade (-2%).

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