Senadores vão paralisar comissão em protesto a visita de Mike Pompeo

Para os parlamentares, houve demonstração de submissão do governo Bolsonaro aos EUA e um desrespeito à soberania brasileira, tudo sob o aval do chanceler Ernesto Araújo

Mike Pompeo e Ernesto Araúde (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Cresce movimento no Senado para derrubar todas as reuniões da Comissão de Relações Exteriores para sabatinar diplomatas indicados a postos de embaixadores. A reação surge em protesto a visita secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Roraima, na última sexta-feira (18). Para os parlamentares, houve demonstração de submissão do governo Bolsonaro aos EUA e um desrespeito à soberania brasileira, tudo sob o aval do chanceler Ernesto Araújo.

Além de obstruir as reuniões da comissão, o senador Telmário Mota (Pros/RR), apresentou um requerimento para ouvir o ministro Ernesto Araújo sobre declarações do secretário de Estado dos EUA. “Ernesto Araújo destrói a tradição do Itamaraty. Pisa no art. 4º da CF (Constituição Federal). Cede o território para um agente dos EUA ameaçar um país amigo. Ataca o presidente Rodrigo Maia”, protestou.

O líder do PT na Casa, Rogério Carvalho (SE) anunciou que o partido entrou em obstrução. “O PT no Senado entra em OBSTRUÇÃO e não vai votar a indicação de embaixadores até o Ministério da Defesa e o Ministério das Relações Exteriores explicarem o porquê adotaram a bandeira dos EUA como um símbolo do Brasil”, publicou o líder no Twitter.

O líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) considerou também que o comportamento do ministro de Relaçoes Exteriores fere o artigo 4° da Constituição e a tradição do Itamaraty. “Nosso país não pode se tornar um pária global. A prioridade do Senado não pode ser ‘votar embaixador’, mas enquadrar a nossa política externa”, disse.

Um nota publicada neste domingo (20) por seis ex-chanceleres cobrou esforços do Congresso no sentido de preservar o artigo quarto da Constituição, que prevê que “A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:

I – independência nacional;

II – prevalência dos direitos humanos;

III – autodeterminação dos povos;

IV – não intervenção;

V – igualdade entre os estados;

VI – defesa da paz;

VII – solução pacífica dos conflitos;

VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX – cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;

X – concessão de asilo político.”

Com informações do Congresso em Foco e da Agência Senado

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