Datafolha no Recife: Segundo turno pode ficar entre PSB e PT

A dez dias das eleições, enquanto o deputado federal João Campos (PSB), filho do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, permanece consolidado na liderança da corrida pela Prefeitura do Recife, a deputada federal Marília Arraes (PT) continua crescendo e se aproximando de um segundo turno com seu primo.

João Campos e Marília Arraes: primo versus prima

Apoiado pelo prefeito Geraldo Julio (PSB), apesar do desgaste da gestão, Campos saiu de seus 26% iniciais e manteve os 31% das intenções de voto registrados no levantamento anterior, enquanto Marília saiu de seus 17% iniciais e chegou a 21% utilizando o ex-presidente Lula como cabo eleitoral e a imagem do avó Miguel Arraes (que é bisavô de Campos).

Marília tem crescido principalmente entre mulheres mais velhas e eleitores com menor renda. Ela também tem índices de rejeição menores que seus principais adversários. 26% contra 34% de Campos.

A petista está tecnicamente empatada com o ex-ministro Mendonça Filho (DEM), que tem 16%. Ele, por sua vez, está tecnicamente empatado com a delegada Patrícia Domingos (Podemos), que marcou 14%.

Pela primeira vez, a delegada Patrícia Domingos aparece numericamente à frente no índice de rejeição, com 35% dos entrevistados afirmando que não votariam nela de jeito nenhum. Ela disputa com Mendonça Filho (DEM) os eleitores da direita, mas sofre fortes ataques do adversário. Ele ironiza o fato da delegada ser do Rio de Janeiro, exibe postagens antigas dela em que se refere à capital pernambucana como “Recífilis” e diz que nunca tinha visto tanta gente feia junta.

João Campos tem 34%, seguido por Mendonça Filho, com 32%, e Coronel Feitosa, com 30%. Marília Arraes é rejeitada por 26% dos entrevistados.

A pesquisa aponta que, em um hipotético segundo turno entre Campos e Marília, o candidato do PSB tem 43% ante 35% da petista. Declararam voto em branco ou nulo 20%, e não souberam responder 2%.

Campos tem 49% se enfrentasse Mendonça Filho, com 33%, em um eventual segundo turno. Nesse cenário, 17% afirmaram votar em branco ou nulo, e 2% não souberam responder.

Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (5) aponta os seguintes percentuais de intenção de voto para a prefeitura do Recife nas Eleições 2020 (veja vídeo acima):

  • João Campos (PSB): se manteve com 31%
  • Marília Arraes (PT): saiu de 18% para 21%
  • Mendonça Filho (DEM): saiu de 15% para 16%
  • Delegada Patrícia (Podemos): saiu de 16% para 14%
  • Coronel Feitosa (PSC): se manteve com 2%
  • Carlos (PSL): se manteve com 1%
  • Charbel (Novo): se manteve com 1%
  • Claudia Ribeiro (PSTU): se manteve com menos de 1%
  • Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB): se manteve com menos de 1%
  • Thiago Santos (UP): saiu de 1% para menos de 1%
  • Victor Assis (PCO): não foi citado na última pesquisa e, nesta, teve a candidatura indeferida
  • Em branco/nulo/nenhum: se manteve em 12%
  • Não sabe: saiu de 4% para 3%

Destaques por segmentos

De acordo com o Datafolha, a alta da candidata Marília Arraes foi alavancada, principalmente, pelo crescimento entre as mulheres (de 15% para 22%), nas faixas de idade mais avançadas (de 16% para 21% entre quem tem de 45 a 59 anos, e de 18% para 22% na parcela com 60 anos ou mais), na parcela com escolaridade média (de 15% para 20%) e entre eleitores mais pobres, com renda mensal familiar de até dois salários (de 14% para 20%). No eleitorado com renda familiar acima de cinco salários, por outro lado, houve queda (de 33% para 23%) na preferência pela petista.

A oscilação negativa da intenção de voto em Delegada Patrícia foi desigual entre os segmentos do eleitorado. Na parcela de 45 a 59 anos, por exemplo, ela recuou de 17% para 11%, e na faixa anterior, de 35 a 44 anos, passou de 17% para 19%. No eleitorado com escolaridade fundamental, houve recuo de 10% para 6%, e entre quem estudou até o ensino médio, de 19% para 13%. No segmento mais escolarizado, por outro lado, a preferência por sua candidatura passou de 16% para 23%. Entre os mais pobres, ela perdeu sete pontos (de 17% para 10%), e entre os mais ricos, com renda familiar superior a cinco salários, ganhou nove pontos (passou de 14% para 23%).

De acordo com o Datafolha, a rejeição a Delegada Patrícia mais que dobrou nos últimos 10 dias. No levantamento, realizado entre 20 e 21 de outubro, 15% rejeitavam a possibilidade de votar na delegada, o menor índice entre todos os candidatos. Na primeira semana de outubro, a rejeição a ela era ainda mais baixa (13%), ou seja, no período de um mês, a taxa dos que não votariam de jeito nenhum em Delegada Patrícia subiu 169%.

A alta na aversão a Delegada Patrícia ocorreu em todos os segmentos sociodemográficos relevantes do levantamento, com menor intensidade entre os mais jovens (de 19% para 25%) e com maior intensidade nas faixas de 35 a 44 anos (de 14% para 37%), de 45 a 59 anos (de 17% para 40%) e no estrato de renda familiar mais alta, acima de cinco salários (de 13% para 39%).

Em relação ao levantamento anterior do Datafolha, divulgado em 22 de outubro, a rejeição aos candidatos evoluiu da seguinte forma:

  • Delegada Patrícia: saiu de 15% para 35%
  • João Campos: se manteve com 34%
  • Mendonça Filho: saiu de 28% para 32%
  • Coronel Feitosa: saiu de 27% para 30%
  • Marília Arraes: saiu de 22% para 26%
  • Carlos: saiu de 20% para 17%
  • Thiago Santos: saiu de 17% para 16%
  • Charbel: saiu de 21% para 16%
  • Marco Aurélio Meu Amigo: saiu de 17% para 16%
  • Cláudia Ribeiro: saiu de 16% para 13%
  • Victor Assis: tinha 21% e, neste levantamento, teve a candidatura indeferida
  • Rejeita todos/não votaria em nenhum: se manteve em 4%
  • Votaria em qualquer um/não rejeita nenhum: saiu de 2% para 1%

A pesquisa foi encomendada pela TV Globo e pelo jornal “Folha de S.Paulo” e registrada no TRE-PE: PE-06862/2020. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos com nível de confiança de 95%. Foram ouvidos 924 eleitores da cidade do Recife, entre os dias 3 e 4 de novembro.

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