A derrota de Trump e Bolsonaro

A derrota de Trump, na sede do Império, deve servir para nos animar, estimular e mobilizar para, nesta reta final de campanha eleitoral em Fortaleza e no Brasil

O mundo festeja, e nós também, a derrota da extrema-direita genocida nos Estados Unidos o que, sem dúvida, abre uma perspectiva favorável à resistência à escalada fascista planetária.

Não que tenhamos qualquer ilusão quanto ao futuro governo Biden no que diz respeito ao tratamento aos países subdesenvolvidos, em especial os latino-americanos.

Está forte na nossa memória a frustrada invasão, em 1961, da Baía dos Porcos em Cuba, o golpe militar de 1964 no Brasil e o envio de meio milhão de soldados americanos para massacrar o povo do Vietnam, tudo patrocinado pelos governos democratas de John Kennedy e Lyndon Jonson.

Mais recentemente, durante o governo do democrata Obama, aquele que afirmou que “Lula é o cara”, continuaram as guerras tradicionais e as modernas “guerras híbridas” no norte da África, no Oriente Médio, na Ucrânia, a desestabilização da Venezuela e o golpe de 2016 no Brasil, tudo para defender os interesses econômicos e geopolíticos da grande potência.

Apesar de tudo isso, como afirmei, temos sim o que comemorar. Além da derrota do bilionário, sonegador de impostos, destruidor do meio ambiente e apoiador de governos reacionários, o processo eleitoral americano mostrou ao mundo as profundas limitações da sua democracia que, dentro das regras atuais, não permite que outros partidos e lideranças populares tenham condições reais de chegar ao Poder.

É uma disputa de cartas marcadas entre o Partido da Coca-cola contra o Partido da Pepsi, da Ford contra a Chevrolet, onde o escolhido terá que se subordinar aos interesses do mercado financeiro, dos trustes do petróleo, da poderosa indústria armamentista e, mais recentemente, das megaempresas de tecnologia do Vale do Silício.

Nem mesmo um líder popular de centro-esquerda, como o senador Bernie Sanders, consegue as bençãos da cúpula dos democratas e é defenestrado ainda nas eleições primárias de seu partido, embora tivesse maior apoio popular que seu concorrente Biden, um político de centro-direita.

O confuso, complexo e retrógrado processo de escolha do presidente americano por sua vez, permite que um candidato com quatro milhões de votos a menos que o seu adversário, através de filigranas jurídicas, sem qualquer prova concreta de fraude, tumultue o processo, ameaçando o não reconhecimento da vontade popular expressa nas urnas.

Na realidade, estão provando do seu próprio veneno, pois partiu de Washington, com a inestimável ajuda de poderosos grupos de mídia locais, a orientação e apoio às oposições venezuelana, brasileira e boliviana para não reconhecerem os resultados de suas respectivas eleições, denunciarem fraudes inexistentes e desenvolverem movimentos antidemocráticos desestabilizadores nos seus respectivos países. O resultado foram os golpes de 2016 no Brasil, de 2019 na Bolívia e o crescimento da violência política na Venezuela.

Festejamos também, nós brasileiros, pela quarta derrota consecutiva de Bolsonaro, um verdadeiro pé frio. Perdeu na Venezuela, com o fracasso de seu autoproclamado presidente-golpista Juan Guaidó. Nova derrota com seu amigo Mauricio Macri, derrotado na Argentina. Mais recentemente, seus amigos da ultradireita boliviana foram fragorosamente humilhados nas urnas depois de promoverem um golpe acerca de um ano. E, por último, novo vexame no plebiscito chileno que aprovou com 78% dos eleitores o enterro da Constituição do general Pinochet, ídolo do capitão cloroquina e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes.

Finalmente, a derrota de Trump, na sede do Império, deve servir para nos animar, estimular e mobilizar para, nesta reta final de campanha eleitoral em Fortaleza e no Brasil, impormos uma grande derrota ao governo entreguista, antipopular e antidemocrático de Bolsonaro.

Chega de capitão!

Autor