Manuela crítica solidariedade com acusado de abuso sexual

Ex-candidata à Prefeitura de Porto Alegre disse que parlamentares que apoiam “apalpador de mulheres” autorizam cultura do estupro.

A ex-candidata a prefeita de Porto Alegre, Manuela D´Ávila (PCdoB), lamentou saber que parlamentares apoiaram a atitude do deputado estadual Fernando Cury (Cidadania-SP), que está sendo acusado de crime de importunação sexual contra a deputada estadual Isa Penna (PSOL-SP). Filmagem do plenário da Alesp mostra claramente o parlamentar apalpando os seios e abraçando a deputada na sessão da noite de quinta (17).

Para Manuela, em postagem nas redes sociais, os parlamentares estão dando um sinal perigoso para a sociedade ao defender a impunidade de um escândalo tornado tão público.

Passaram pelo gabinete de Cury ao menos 15 parlamentares, que compraram a versão de que ele não fez nada demais ao tocar a colega. No grupo, havia inclusive algumas deputadas. A avaliação é que o caso deve esfriar durante o recesso parlamentar, que vai até fevereiro.

O deputado Delegado Olim (PP) afirma que Cury é “um cara gente boa”. “Mas foi imbecil, infeliz”, diz. Já Penna, segundo ele, “é complicada”. “Mas está no direito dela de deputada [de levar o caso ao Conselho de Ética]”.

Veja a íntegra do que comentou Manuela:

“Quando uma mulher pública é apalpada em público dentro de uma Assembleia Legislativa e nada é feito, um sinal bem claro é emitido: pode, isso pode, isso não será punido. Estamos dizendo pro cara que se masturba no ônibus e ejacula na roupa da passageira mulher que “tamo junto, não dá nada”, estamos dizendo que está tudo bem, que é assim mesmo. E é por isso que nos casos de mulheres públicas a punição tem também um outro papel: além de punir aos que nos violentam, também mostra que enquanto sociedade não pactuamos com essas práticas. De tudo o que vivi nesses anos todos, nada me chocou tanto quanto o silêncio e sorrisos cúmplices dos homens nos debates eleitorais de 2020, enquanto eu era submetida a uma violência psicológica sem fim. Achei que aquilo era o ápice da violência política que veríamos uma mulher sofrer esse ano. Estava errada. @isapenna foi apalpada e eles não apenas calam. Eles abraçam o abusador. Eu a abraço, nos a abraçamos e abraçamos nossa luta para mudar essa realidade. Cultura do estupro é isso. É dizer que quer matar estuprador na televisão e abraçar o apalpador no gabinete”.

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