Banco Central mantém Selic em 2% ao ano para estimular economia

Para setor produtivo, juros baixos ajudam na recuperação da economia. No entanto, a falta de planejamento do governo impede que os juros baixos se reflitam em crescimento econômico

Evolução da taxa Selic

A manutenção pela quarta vez da taxa Selic (juros básicos da economia) em 2% ao ano, no menor nível da história, representou uma decisão acertada, que ajuda na recuperação da economia, avaliam entidades do setor produtivo. Para as entidades, os juros baixos são importantes para que o emprego e a atividade econômica voltem a crescer em ritmo mais rápido.

Infelizmente, outros fatores ligados à falta de planejamento e um plano de desenvolvimento econômico do Governo Bolsonaro e seu ministro Paulo Guedes, impede que essa baixa histórica dos juros se reflita em crescimento da economia. Não há investimentos em infraestrutura, não há estímulos direcionados a cadeia produtiva, nem à industrialização, nem reforma tributária que estimule o consumo e a renda das famílias. Com isso, o nível de desemprego aumenta, alavancado pela pandemia.

O fim do auxílio emergencial do governo federal, segundo economistas, está contribuindo para o fraco nível de atividade no primeiro trimestre — e atuando para conter a inflação.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) informou que a recente alta da inflação observada nos últimos meses é temporária. Para a entidade, os índices de preços devem convergir para as metas de inflação sem a necessidade de elevações na taxa Selic antes do momento certo.

“O ano de 2021 será desafiador, e a manutenção da taxa Selic em baixo patamar possibilita uma recuperação mais célere da atividade econômica e do emprego, uma vez que incentiva a demanda ao manter melhores condições de crédito para empresas e consumidores”, afirmou no comunicado, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. Ele cobrou a aprovação de reformas estruturais de modo a manter os juros baixos por longo tempo.

Para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a manutenção da Selic pode ser creditada a dois fatores: o aumento da safra em janeiro, que amplia a oferta de alimentos nos supermercados, e a tendência de queda da inflação nos próximos meses.

Na avaliação da entidade, mais fatores devem ajudar a manter os juros no menor nível da história, como a expectativa do retorno gradual da economia com a intensificação da vacinação contra a covid-19. Para a ACSP, a vacinação deixaria os analistas financeiros mais otimistas e traria mais estabilidade para o câmbio, com leve tendência de queda.

Mas o Banco Central fez uma mudança importante no comunicado que costuma soltar após os encontros, retirando um termo técnico chamado de “forward guidance”. Traduzindo, é como se o BC retirasse a promessa de não elevar juros. A partir de agora, as taxas poderão subir se as condições da economia, analisadas até o próximo encontro do Copom (em 16 e 17 de março) justificarem esse movimento.

Analistas avaliam este sinal como uma perspectiva do Banco Central deixar de estimular a economia nos próximos meses, caso seja necessário reduzir a inflação. A meta de 2021 é manter a inflação em 3,75%, mas há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo, ou seja: pode variar entre 2,25% e 5,25%. No ano passado, a inflação fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%) e acima do centro da meta do governo para 2020 (4%).

O possível aumento dos juros também agrada especuladores que aplicam a juros. Também aumenta os serviços da dívida, aumentando o endividamento do governo e das empresas.

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