Será que o “Plano de Resgate” de Biden pode salvar os EUA?
Com retração de 3,5% do PIB em 2020, governo americano combate pandemia em meio a uma severa crise econômica.
Publicado 11/02/2021 19:46
O PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu 4% no quarto semestre de 2020, segundo relatório preliminar do Departamento de Comércio dos EUA. A previsão era de crescimento de 4,3% para o período e o país fecha 2020 com queda no PIB de 3,5%.
A retração do PIB em 2020 é mais acentuada que a sofrida durante a crise financeira de 2009. Na época, a redução foi de 2,5%, a última registrada pelos EUA antes da crise atual.
Apesar da recuperação parcial do PIB americano no último quarto de ano, o relatório preliminar serve como alerta ao governo Biden. Os EUA se aproximam de 500 mil mortes por coronavírus e as consequências econômicas da recessão provocada pela pandemia devem se estender por 2021.
O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) Jerome Powell, reiterou que a recuperação da economia dos EUA depende do controle eficaz da epidemia.
Economistas americanos concordam que é necessário controlar a pandemia, mas isso não será suficiente para retomar o crescimento econômico anterior. “À medida que entramos no segundo trimestre, a economia dos EUA deve começar a se recuperar”, disse Hamrick, da empresa listada na Nasdaq nos Estados Unidos. “Mas é óbvio que tudo isso leva muito mais tempo do que o esperado. Pode levar algum tempo para que tudo se recupere.”
A recente segunda onda da Covid-19 freou o progresso econômico que os EUA apresentaram na primavera passada. Em termos de emprego, embora mais da metade dos 22 milhões de empregos perdidos tenha sido restaurado, o aumento de novas infecções obrigou empresas a fechar e dispensar trabalhadores, afetando gravemente o lazer e hotelaria mais uma vez, segundo noticiou o New York Times.
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que na primeira semana do ano novo, o número de pessoas que se candidataram ao seguro desemprego do estado aumentou significativamente, chegando à marca de 1,15 milhão de pessoas. O número não era superior a um milhão desde julho de 2020.
Em janeiro deste ano, o número médio de novos pedidos do auxílio-desemprego nos Estados Unidos por semana chegou a 848.250. Antes do surto das festas de fim de ano, o número total era de cerca de 200.000 solicitações semanais.
A pandemia afetou principalmente atividades baseadas no contato social, o que precarizou a situação de trabalhadores no setor de serviços. A incerteza no mercado de trabalho levará à chamada recuperação em forma de k, ou seja, os trabalhadores com rendas mais altas têm um bom desempenho, enquanto aqueles de baixa renda estão em desvantagem.
As desigualdades de gênero e racial da sociedade americana são outros problemas que emergem de maneira mais enfática durante as crises. O ideal de igualdade e as múltiplas contradições coexistem há muito tempo no país e assombram a economia americana como um fantasma.
De acordo com a Bloomberg News, um estudo conduzido por Mary Daly, presidente do Federal Reserve Bank de San Francisco, mostrou que a desigualdade de raça e gênero tem causado perdas econômicas crescentes nos Estados Unidos, que chegaram a U$ 2,6 trilhões em 2019. A estimativa é que o custo da desigualdade de raça e gênero nos últimos 30 anos chegou a U$ 70,8 trilhões.
Anunciada em 14 de janeiro, a estratégia de Biden para recuperar a economia é injetar U$1,9 trilhão na sociedade americana. A analogia do “Plano de Resgate Americano” é com um “impulso no coração” e deve ser implementado em três frentes.
No combate direto à pandemia, serão investidos mais de U$ 400 bilhões. Nesse quesito estão especificamente a produção e distribuição de vacinas e a reabertura de escolas no prazo de 100 dias.
Outros U$ 440 bilhões serão destinados ao auxílio de comunidades e empresas americanas. Maior parte do montante é pago por governos estaduais e locais para compensar o déficit orçamentário.
A maior fatia do valor é para assistência direta às famílias americanas, cerca de U$ 1 trilhão. Uma renda emergencial de aproximadamente U$1,4 mil será paga para grande parte dos americanos.
No entanto, assim que o plano foi divulgado, enfrentou dúvidas de todos os lados. Os valores altos e medidas não especificadas foram os principais argumentos de críticas de parlamentares.
Um fenômeno foi apontado pela revista americana “Commercial Observer”, que observou que desde os anos 1990, sempre que o Partido Republicano chegava ao poder, a economia entrava em recessão, e então o Partido Democrata chegava ao poder para resgatar.
Embora essa conclusão seja inevitavelmente acidental, os fenômenos de calúnia entre políticos, gastos de campanha exacerbados e pouca continuidade das políticas econômicas causadas pelo sistema político americano são reais. Será que “Plano de Resgate Americano” de 1,9 trilhão pode salvar a economia dos EUA?
Fonte: Diário do Povo Online