Flávio Dino: esquerda e centro democrático unidos vencerão Bolsonaro

“Se não der no primeiro turno, que seja no segundo”, diz o governador

É possível derrotar o presidente Jair Bolsonaro nas urnas em 2022. Mas, para isso, “o centro democrático precisa estar junto” à esquerda. “Se não der no primeiro turno, que seja no segundo.” A opinião é do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). “Defendo lulismo, mas defendo o trabalhismo – todos juntos e com o centro liberal no segundo turno. Se eles passarem, nós apoiamos. Se nós passarmos, eles vêm conosco. Não há outra maneira”, declarou Dino em entrevista ao Estadão publicada nesta quinta-feira (18).

Após o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), permitir que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) volte a disputar eleições, como consequência da anulação de suas condenações na Lava Jato, Dino afirma que a frente ampla é o único cenário para vencer o bolsonarismo. A seu ver, até mesmo nomes da direita – como os governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), o apresentador Luciano Huck (sem partido) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) – podem eventualmente apoiar um candidato de esquerda no segundo turno, se o adversário for Bolsonaro.

“Já houve essa união antes. Em 1989, Mário Covas (ex-governador tucano) apoiou Lula contra Collor. Depois disso veio a polarização entre PT e PSDB, e essa aliança não foi mais possível”, lembra. “Já em 2018, ela deveria ter ocorrido em torno do nome de Fernando Haddad. Não ocorreu, e temos hoje a tragédia que é o governo Bolsonaro. Agora, nesta eleição, é o bolsonarismo que deve ser batido. Temos de nos unir por esse objetivo e acredito que, aos poucos, estamos cicatrizando as feridas de 2018.”

Dino foi questionado sobre o risco de ruir a frente ampla se Lula for o candidato. “Esse movimento de ampliação, no sentido de falarmos para além da esquerda, é imperativo. Para vencer Bolsonaro é preciso que nós façamos isso. E não vejo o Lula como obstáculo”, comentou. “Ele já fez isso em 2002, quando se elegeu presidente com o José Alencar de vice, um empresário liberal que representava um sindicato patronal. E já mostrou estar disposto a construir um projeto de nação que olhe para o futuro mais do que para o passado”.

Na visão do governador do PCdoB, os bolsonaristas já estão cientes das dificuldades que terão pela frente para reeleger o presidente de extrema-direita. “No fundo, eles sabem que perdem para o campo democrático unido – Bolsonaro sabe disso. Vem dando sinais cada vez mais claros de que sabe também que a pandemia e a alta na inflação de preços estão corroendo sua popularidade”, avalia.

De acordo com Dino, “o povo não acompanha se as ações da Bolsa subiram ou se o câmbio variou. Mas sabe que os preços dos alimentos estão cada vez mais altos, assim como o litro da gasolina. Ai, o que faz Bolsonaro? Joga a culpa em seus ministros ou nos governadores. Nunca assume qualquer responsabilidade”.

O governador diz que celebridades midiáticas, como Luciano Huck e Felipe Neto, com ou sem pretensões eleitorais, podem jogar papel na denúncia do bolsonarismo. “Huck é um homem da mídia, não é um homem da política. Felipe Neto, a mesma coisa. Mas ambos são contrários ao Bolsonaro. Isso não é bom?”, indaga Dino. “Claro que é. Se estão dispostos a debater, melhor ainda.”

De acordo com o governador, há restrições para poucos nomes no campo anti-Bolsono, como o do ex-juiz Ségio Moro. “Não tem ambiente para Moro na política. Ele é uma unanimidade negativa, não conheço mais de dez políticos que o apoiem para ser candidato. Nem sei se ele teria uma legenda para se lançar – o que é o resultado do conjunto da obra. Ele teve acertos, reconheço, mas muitos erros”, palpita.

Dino exaltou o empenho de governadores e parlamentares para compensar a negligência do governo Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia de Covid-19. “Nestes dois primeiros anos de governo Bolsonaro, o que garantiu o mínimo de organização no País foi uma aliança entre os governadores, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal. Houve, de fato, uma forte atuação dos governadores, que encontrou guarda no Supremo”, afirmou.

Ele ressaltou, porém, que a responsabilidade maior sobre a gestão da crise segue na Presidência da República. “Muitas coisas são de competência da União. Somos uma federação, não uma confederação, é bom que se diga isso. Os governadores fazem muito, mas não podem fazer tudo.”

Com informações do Estadão

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