CPI tem elementos de sobra para tirar o sono de Bolsonaro

Colegiado deve ser instalado nesta terça-feira (27) e irá investigar as ações – ou falta delas – do governo no combate à pandemia de Covid-19.

Nesta terça-feira (27), após forte empreitada do governo Bolsonaro para impedir seu funcionamento, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá investigar as ações do governo federal no combate à pandemia de Covid-19 deve ser instalada no Senado.

Em suas redes sociais, deputados do PCdoB repercutiram o tema e chamaram a atenção para a desestabilização que o assunto deve gerar no governo de Jair Messias Bolsonaro.

Para o líder da legenda na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o colegiado será fundamental para averiguar “se os erros e omissões da gestão Bolsonaro foram determinantes” na tragédia vivida no país. Esta semana, o Brasil deve chegar às 400 mil mortes pela doença.

“É urgente investigarmos por que o coronavírus mata tanto no Brasil e planejarmos estratégias para conter mortes. Abril ainda não terminou, mas o total de mortos por Covid-19 este ano, 195.949, já supera os 194.976 óbitos de março a dezembro de 2020. O balanço é perturbador. Nossa solidariedade às famílias”, pontuou o líder da legenda na Câmara.

A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) afirmou que o governo está “desesperado” com a CPI. “A Casa Civil mandou aos ministérios documento com 23 acusações de negligência do presidente para que as Pastas apresentem respostas que sirvam de defesa. É a própria confissão de culpa”, destacou a parlamentar.

A vice-líder da Minoria, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também comentou o assunto. Segundo Jandira, Bolsonaro assume sua culpa ao pedir dossiê de defesa. “Ninguém se defende de algo que não sabe que fez. Precisa ser acusado ou ter consciência de sua culpa. Portanto: governo Bolsonaro assume culpa ao preparar dossiê com temas de defesa para CPI da Covid”, pontuou a parlamentar.

Já o vice-líder do PCdoB na Câmara, deputado Orlando Silva (SP), em uma série de postagens em sua conta no Twitter apontou a preocupação de Bolsonaro com os desdobramentos da CPI.

“A verdade é uma só: Bolsonaro está se tremendo de medo da CPI da Pandemia. Com tantos erros de condução, a Comissão tem elementos de sobra para tirar o sono do Planalto”, destacou.

O parlamentar lembrou ainda que no Amazonas, durante entrevista a um canal de tevê local na sexta-feira (23), Bolsonaro “posou de valente” e falou em Exército na rua contra governadores. “Puro jogo de cena. Bolsonaro é um leão banguela, não tem apoio fardado, político ou social para quarteladas. O que lhe importa é a narrativa de quem tem força, o que anima a ala psiquiátrica dos apoiadores”, disse.

O deputado apontou como novidades as recentes declarações de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, à imprensa, “uma assunção de culpa do governo pelo boicote à compra da vacina da Pfizer”; e os “23 pontos levantados pela Casa Civil, que, a pretexto de preparar aliados, acabou soando como desespero de quem está nu em praça pública”.

Para Orlando, a cada movimento o governo revela mais fraqueza. “A pesquisa Exame/Ideia de sexta-feira (23) acendeu a luz vermelha: o piso de 1/3 de apoio cedeu e já se aproxima perigosamente dos 20%. A rejeição roça os 60%. Meses de execração pública na CPI podem ser fatais. Bolsonaro sabe. Daí que a única alternativa seja reafirmar o caminho e ‘trincar os dentes’ para atravessar o maremoto. Não é por lealdade que Bolsonaro voltou a afagar Pazuello. O presidente sabe que se o ex-ministro falar a verdade sobre as vacinas, sua cabeça ficará a prêmio”.

O parlamentar avalia que é cada vez mais nítido “que se apostou na imunidade de rebanho, levando milhares à morte. A essa altura, o desespero de Bolsonaro é não permitir que essa tese prevaleça, pois resultaria reconhecer crimes contra a Humanidade cometidos. Não é mais só 2022, mas o TPI (Tribunal Penal Internacional) que preocupa”.

A deputada Professora Marcivânia também comentou o preparo do governo. “O governo realmente precisa se preparar para a CPI de Covid-19. Afinal de contas, o tanto de responsabilidade que possui em relação ao caos e mortandade que atualmente assola o país é algo sem precedentes. E isso não pode passar incólume. Eles terão que responder por tudo isso”, destacou.

Da Liderança do PCdoB na Câmara

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