Declarações autoritárias de Eduardo Bolsonaro e ataques à imprensa

Luciana Santos critica ataque de Eduardo Bolsonaro às instituições democráticas e Renildo Calheiros lembra os ataques sistemáticos do presidente aos jornalistas

Luciana Santos deverá ser reeleita para dirigir o PCdoB por mais quatro anos.

A presidenta nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, rechaçou, por meio de suas redes sociais nesta segunda-feira (3), as declarações de apoio do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) à destituição, neste domingo (2), de juízes da Suprema Corte de El Salvador, aprovada pelo Congresso local, que é dominado por aliados do presidente Nayib Bukele.

Luciana declarou que “é preocupante quando um parlamentar, filho do presidente da República, não esconde sua natureza autoritária”. A dirigente acrescentou que “devemos rechaçar as declarações de Eduardo Bolsonaro, que aplaude a destituição de ministros da Suprema Corte de El Salvador. É preciso estarmos todos atentos. O golpe tá aí. Cai quem quer”.
Após a destituição, Eduardo Bolsonaro afirmou, via redes sociais, que “o Congresso destituiu todos os ministros da Suprema Corte por interferirem no Executivo, tudo constitucional” e que “juízes julgam casos, se quiserem ditar políticas que saíam às ruas para se elegerem”.

As declarações de Eduardo Bolsonaro somam-se ao arsenal de falas e atitudes antidemocráticas, autoritárias e golpistas da família Bolsonaro, notadamente do presidente, e de seus apoiadores. No sábado (1º), seguidores do presidente realizaram atos em algumas cidades brasileiras em sua defesa. O governo de Bolsonaro é alvo da CPI da Covid, que investiga atos e omissões de âmbito federal que tenham contribuído para o agravamento da pandemia.

Liberdade de imprensa

Nesta segunda-feira (3) também foi o Dia da Liberdade de Imprensa. Por isso, o líder do PCdoB na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros (PE) falou sobre o papel da imprensa para a democracia e os ataques que seus profissionais e diversos veículos têm sofrido durante o governo de Jair Bolsonaro.

“Hoje é Dia da Liberdade de Imprensa, fundamental para qualquer democracia. Receber as notícias e informações seguras é um direito do povo brasileiro e um dever da imprensa”, destacou Renildo.

O presidente Bolsonaro, disse o parlamentar, “soma dezenas de ataques aos jornais, chama de ‘fábricas de fakes’ as notícias que não lhe agradam. Falar só o que o presidente quer é publicidade, coisa que o governo gasta milhões”.

Renildo concluiu dizendo: “É preciso defender a liberdade de imprensa de qualquer censura, em defesa daqueles que investigam, informam, para que tenham segurança de trabalharem”.

Em 2021, o Brasil  caiu, pelo quarto ano consecutivo, no Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, publicado pela ONG Repórteres sem Fronteiras. Em 2018, o país figurava em 102º lugar; agora, está 111ª posição, o que fez com o que o país saísse da “zona laranja” para a vermelha no quesito dificuldade de trabalho da imprensa.

No relatório, a ONG diz que “o trabalho da imprensa brasileira tornou-se especialmente complexo desde que Jair Bolsonaro foi eleito presidente, em 2018.  Insultos, difamação, estigmatização e humilhação de jornalistas passaram a ser a marca registrada do presidente brasileiro”.

A Repórteres sem Fronteiras aponta ainda que “qualquer revelação da mídia que ameace os seus interesses ou de seu governo desencadeia uma nova rodada de ataques verbais violentos, que fomentam um clima de ódio e desconfiança em relação aos jornalistas no Brasil”.