Bolsonaro não tem sintonia com o mundo e com as necessidades do povo, diz líder do PCdoB

Líder do PCdoB avalia plano trilionário de recuperação econômica dos Estados Unidos e afirma que governo Bolsonaro ignora as necessidades da população.

Renildo Calheiros Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), criticou a condução da política econômica brasileira no governo Bolsonaro. Além das declarações desastrosas do ministro da Economia, Paulo Guedes, em relação à vacina chinesa e ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), o movimento de Guedes para “recuperar a economia do país” é focado em “grandes reformas”, ataques ao serviço público, privatizações e desmonte de programas sociais, prejudicando a população mais carente.

Para Renildo, o governo Bolsonaro segue sem sintonia com a realidade mundial e com as necessidades da população brasileira. O parlamentar utilizou o exemplo norte-americano. Na quarta-feira (28), o presidente dos EUA, Joe Biden, às vésperas de completar 100 dias na Casa Branca, anunciou ao Congresso seu quarto plano de recuperação para o país, pós-pandemia. Além dos US$ 2 trilhões (equivalente a R$ 10,8 trilhões) já apresentado para infraestrutura, Biden anunciou um investimento federal de US$ 1,8 trilhão (aproximadamente R$ 9,7 trilhões) em educação, creches e licenças remuneradas. Segundo ele, será haverá aumento do salário mínimo do país e um plano para emprego dos americanos.

“É já a quarta edição de alternativas econômicas apresentadas pelo governo dos Estados Unidos com o objetivo de recuperar a economia na pandemia. Eles têm lá um rigoroso plano de vacinação e fazem um aporte muito grande na economia, para que a economia norte-americana reaja. Aqui no Brasil há uma visão completamente sem sintonia com a realidade mundial e com as necessidades do Brasil. Uma visão deformada, que é própria da elite econômica brasileira, que sempre foi contrária a políticas sociais que resgatem esses milhões de brasileiros excluídos”, pontuou Renildo.

O parlamentar enfatizou que o Brasil possui uma das sociedades mais desiguais do mundo.

“E a parte mais pobre da população é penalizada na crise e também é penalizada no crescimento, porque, no Brasil, há um descaso com as políticas de inclusão que dão oportunidade àquelas pessoas que ficam exatamente na base da pirâmide social”, disse.

Alemanha, Inglaterra são outros países que também estão fazendo grandes investimentos para superar a economia, sem penalizar a população. “Aqui há uma dificuldade enorme com o governo, principalmente com a compreensão do ministro Paulo Guedes, que acha que pode enrolar todo mundo, dar um drible em todo mundo e o Brasil sair da crise sem que seja feito um esforço para que a economia brasileira reaja. Isso é uma mentalidade atrasada ligada ao período do Brasil colonial e que é pela exclusão de milhões e milhões de brasileiros. O Brasil necessita de ações urgentes de socorro aos trabalhadores desempregados, de socorro às micro, pequenas, médias e até mesmo grandes empresas, mesmo que em condições diferentes, para ajudar a que esse processo dramático vivido pela sociedade brasileira seja atenuado nesse período tão grave de dificuldade”, defendeu Renildo.

Enquanto o mundo busca ampliar sua capacidade de vacinação da população e investimentos reais na geração de empregos e recuperação econômica, o Brasil aposta no negacionismo e em propostas que mantém o país numa posição subalterna. O governo Bolsonaro vem colocando pressão para o avanço da Proposta de Emenda à Constituição 32, conhecida como PEC da Reforma Administrativa, que é vista por parlamentares progressistas como um verdadeiro ataque ao serviço público; edita decretos e tenta acelerar privatizações de estatais estratégicas para o país, como a Eletrobras e os Correios; além de oferecer à população um auxílio emergencial que sequer paga uma cesta básica.

“É lamentável essa triste coincidência de a pandemia nos atingir no momento em que não temos governo, em que não temos presidente e que o ministro da Economia se comporta como chefe da banca e não como ministro da Economia de um país tão desigual que precisa crescer e, sobretudo, diminuir as suas desigualdades”, disse Renildo.

Foto: PCdoB na Câmara

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