Aulas presenciais estão em 16% das cidades, e quase 100% sem internet

Dados da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) mostram como as redes estão despreparadas para a convocação do ministro da educação, Milton Ribeiro

Escolas brasileiras estão despreparadas para o retorno às aulas presenciais em meio à pandemia

A maior parte das escolas públicas municipais no Rio de Janeiro continua exclusivamente em ensino remoto. Apenas 1,1% das redes de ensino começaram o ano letivo de 2021 com aulas totalmente presenciais e 15,1% de forma híbrida, mesclando aulas presenciais com ensino remoto. Os dados são de pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) divulgada hoje (22). 

Assim, a conclusão do estudo é de que as atividades não presenciais ainda preponderam: poucas redes municipais estão adotando a educação híbrida. As atividades remotas ainda contam, principalmente, com a mediação via materiais impressos e WhatsApp. Mas já se nota a expansão de outras. estratégias.

A Busca Ativa Escolar tem sido a principal estratégia para lidar com casos de não frequência às atividades. As redes estão se preparando para a retomada: quase todas ao menos iniciaram a construção de seus protocolos sanitários (57% já concluíram).

A principal dificuldade das redes municipais neste momento segue sendo a conectividade de estudantes e escolas.

O estudo foi realizado com apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Itaú Social entre os meses de junho e julho de 2021, com 3.355 redes municipais que, juntas representam 60,2% do total de municípios do país e respondem por mais de 13 milhões de estudantes. As redes municipais concentram a maior parte das matrículas das creches, pré-escolas e ensino fundamental públicos. 

A pesquisa mostra ainda que 57% das redes concluíram os protocolos sanitários para a prevenção da covid-19. Quanto à imunização dos profissionais da educação, o processo já começou em 95,1% das redes municipais entrevistadas. 

Cada localidade tem uma situação a ser considerada, conforme explica a Undime. A expectativa é que, no segundo semestre, com a adoção dos protocolos, mais redes retomem o ensino presencial. Do mesmo modo, cada rede avalia sua condição de retorno com segurança e precisa ser respeitada.

Com a pandemia, segundo estimativa divulgada pelo Unicef, o número de crianças e adolescentes sem acesso à educação no Brasil saltou de 1,1 milhão em 2019 para 5,1 milhões em 2020. A pesquisa divulgada hoje mostra que essa é uma preocupação dos dirigentes. Cerca de 60% dos respondentes consideram a busca ativa de estudantes em abandono ou risco de abandono escolar uma das prioridades das redes municipais de educação.

Jovens e adultos foram mais afetados pela falta de aulas

Conectividade e ambiente

Segundo o estudo, a conectividade de estudantes e professores, bem como a infraestrutura das escolas continuam sendo consideradas as maiores dificuldades enfrentadas pelas redes durante a pandemia. Quase todas as redes, quando se trata de ensino remoto, usam materiais impressos (98,2%) e passam orientações por WhatsApp (97,5%).

A pesquisa indica que houve ampliação de outras ferramentas de ensino, com 70% fazendo uso de aulas gravadas e aplicativos de educação para os estudantes. O levantamento anterior, entre janeiro e fevereiro, apresentou índice de 61%.

A infraestrutura das escolas é também empecilho para o retorno às aulas presenciais. Para garantir a segurança sanitária, é preciso adaptar a estrutura escolar com protocolos e medidas de segurança e adaptação do ambiente. Os protocolos sanitários para prevenção da covid-19 foram concluídos em 57% das redes municipais de ensino.

De acordo com dados disponibilizados pelo Observa, a partir do Censo Escolar 2020, apenas 41% das crianças matriculadas em creches e 41% das matriculadas em pré-escolas estão em estabelecimentos que possuem área externa. A área externa é um pré-requisito para recreação e merenda, quando as crianças estão reunidas sem máscaras.

Além disso, mais de 20% das crianças com até 5 anos estão matriculadas em escolas sem itens de saneamento básico, como água filtrada, esgotamento sanitário ou coleta de lixo. 

Acesse o relatório final da pesquisa. 

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