Em meio a aumento de contágios e mortes, Rio prepara 4 dias de festas

Planejamento leva em conta progressão da pandemia e da cobertura vacinal. Em caso de piora nos índices, calendário e medidas podem ser revistos. Epidemiologistas criticam decisão sem consulta a conselho científico.

A Guarda Municipal do Rio de Janeiro durante fiscalização nas praias para evitar aglomeração

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou hoje (29) um plano de reabertura da cidade que sinaliza para festividades, “o maior reveillon da história” e preparativos para o carnaval. O anúncio se dá em meio a um aumento da taxa de contágios e óbitos pela covid na cidade, críticas de epidemiologistas que observam como outras localidades do planeta estão retrocedendo na reabertura das aglomerações nas cidades, conforme os hospitais voltam a lotar.

A média diária é de 1.400 contágios e 70 óbitos na cidade, números maiores que muitos países. No início do mês, a média de diagnósticos era de cerca de 600 por dia, com mínimo de 300 no inicio de junho. No último dia 9, a média móvel de mortes era de 34 por dia, e 23 em 4 de junho.

Dados atualizados da pandemia na cidade do Rio

Para o infectologista Roberto Medronho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), demonstrou preocupação com a disseminação da variante delta pelo Rio de Janeiro. Foi contra a lotação de estádios.

A pneumologista Margareth Dalcomo, da Fiocruz, defendeu a necessidade do uso de máscaras, liberado nos EUA após ampla vacinação e retomado novamente. Segundo ela, o uso do item é fundamental sobretudo em ambientes fechados, e não só em estabelecimentos de saúde – como hospitais, UPAs etc. Ela também lamenta a lotação do transporte coletivo na região metropolitana.

Plano de reabertura

A abertura em três etapas deve começar em 2 de setembro, quando a cidade espera ter 91% dos adultos vacinados com a primeira dose de alguma das vacinas contra a covid-19. As etapas seguintes da reabertura estão previstas para 17 de outubro e 15 de novembro, data em que a população deve ser liberada do distanciamento social e precisará usar máscara apenas no transporte público e em unidades de saúde.

Em 2 de setembro, a prefeitura prevê liberar eventos em locais abertos e permitir 50% de público em estádios e danceterias, desde que os frequentadores tenham recebido as duas doses. A reabertura será marcada por uma celebração de quatro dias em espaços abertos, inaugurando um calendário de um ano de eventos, batizado de Rio de novo, um ano de reencontro.

A principal condição para que essa liberação ocorra é a vacinação de 91% dos adultos com a primeira dose e 54% com a segunda dose. Esses percentuais representam 77% de toda a população vacinada com a primeira dose e 45% com o esquema vacinal completo.  

Hoje, no Rio, há 3.727.738 de pessoas vacinadas (73% da população adulta) com primeira dose, e 1.536.740 imunizados com as duas doses. A meta da prefeitura é ter, até o início de setembro, 4.751.823 vacinados com a primeira dose – 91% da população adulta. Até novembro, o objetivo é atingir 93% de imunizados com a primeira dose e 90%, com as duas doses.

Dados atualizados em 22 de julho

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, explicou que o plano depende da colaboração da população, que deve continuar respeitando as medidas de prevenção e buscando a vacinação até lá. 

“Isso tudo acontece se todos nós, como sociedade, tivermos a capacidade de nos mantermos coesos e respeitando regras mínimas que são as impostas no dia de hoje”, disse o prefeito. “A peste não se foi, a pandemia não acabou, e o que estamos anunciando depende muito da atitude de cada um de nós”.

Em 17 de outubro, a prefeitura planeja liberar 100% de público nos estádios e danceterias, exigindo esquema vacinal completo. Nessa data, a prefeitura espera que 79% dos cariocas (de todas as idades) tenham se vacinado com a primeira dose, e 65% com a segunda dose.

Já em 15 de novembro, quando 75% dos cariocas (de todas as idades) poderão ter recebido a segunda dose, a previsão é liberar a população do distanciamento social e do uso de máscaras, que serão obrigatórias apenas no transporte público e nas unidades de saúde.

Paes ressaltou que o plano permite que a população se organize para a reabertura e elogiou a adesão dos cariocas à vacinação, que hoje alcança 73% dos adultos com a primeira dose e 31% com a segunda dose. Segundo o prefeito, o município está preparado para dar passos atrás se for preciso.

O secretário municipal de saúde do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, classificou o plano apresentado como “bastante conservador” e disse que, se for mantida a adesão à vacinação, a capital fluminense deve ser em novembro uma das capitais do mundo com maior cobertura vacinal.

Soranz comparou que o Rio de Janeiro vai ser mais conservador que países como Estados Unidos, Israel e Reino Unido, que iniciaram a reabertura com percentuais vacinais menores do que a cidade terá nas datas marcadas pelo plano. Além da adesão da população à vacina, ele explicou que o planejamento também depende do recebimento de doses para aplicação e da manutenção de um cenário epidemiológico favorável.

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