Bolsonaro com tanques na rua não intimidará Câmara, reagem parlamentares

Exercício da Marinha ocorrerá na Esplanada dos Ministérios na semana que deputados analisam voto impresso. Expectativa é de derrota da pauta defendida por Bolsonaro

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Parlamentares reagiram à informação de que o Ministério da Defesa realizará nesta terça-feira (10) um desfile de blindados na Esplanada dos Ministérios. O exercício da Marinha muda de local e é levado ao centro político de Brasília em meio a uma série de declarações golpistas de Jair Bolsonaro e na semana que a Câmara deve derrotar o voto impresso – pauta amplamente defendida pelo presidente e já derrotada em comissão especial.

Para o líder do PCdoB na Câmara, deputado Renildo Calheiros (PE), o desfile de tanques mostra o desespero de Bolsonaro. “Quer demonstrar força na semana em que o Plenário deve enterrar a proposta absurda de voto impresso. Desde a redemocratização, nunca tivemos uma iniciativa dessas. É intolerável que o presidente tente intimidar o STF e a Câmara dos Deputados. Temos de nos unir com a sociedade civil, reforçar a defesa da democracia e combater ideias golpistas. Não passarão!”, destacou.

A vice-líder da Oposição, deputada Perpétua Almeida (AC) afirmou que Bolsonaro é “desses homens fracos e frouxos, que usam da força para mostrar poder” e que desvirtua a finalidade de atividades triviais das Forças Armadas para aumentar a tensão política.

“Em baixa nas pesquisas, traz veículos de artilharia e combate, usado em treinamentos militares, para a Esplanada. Mais uma vez usa as instituições militares para impulsionar seu projeto anarquista de poder. É um necessário exercício da Marinha, mas que Bolsonaro transforma num espetáculo político com a clara intenção de aumentar especulações. Bolsonaro vive de especulações e sobrevive de tensões políticas. Nunca será um líder”, afirmou.

De acordo com um comunicado da Marinha, o desfile marcará a entrega a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, de um convite para que as autoridades acompanhem, na próxima segunda-feira (16), um tradicional exercício da Marinha que ocorre desde 1988.

Embora autoridades normalmente sejam chamadas a assistir à Operação Formosa, que ocorre na cidade de mesmo nome em Goiás, é a primeira vez que o convite ocorrerá com um desfile de blindados militares.

“Quer dizer que Bolsonaro pretende fazer uma parada militar amanhã para ameaçar o Congresso Nacional sobre o voto impresso? Eu custo a crer em um episódio tão ridículo, mas só de ser cogitado mostra que não há esperança de colocar focinheira em Bolsonaro. Não nos intimidará”, declarou o vice-líder do PCdoB, deputado Orlando Silva (SP).

A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), vice-líder da Minoria, afirmou que caso haja relação entre a votação do Congresso e o desfile promovido pelo governo Bolsonaro, o “Parlamento deve exigir a suspensão do desfile e responder com a derrota acachapante em Plenário” da matéria defendida pelos bolsonaristas.

Ao menos 14 partidos, entre eles o PCdoB, já se posicionaram contra o voto impresso nas eleições. Na última sexta-feira (6) o tema já foi derrotado na comissão especial que analisava a matéria, mas por decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) será levado à votação no Plenário. A previsão é de que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 135/19 seja votada nesta terça-feira.

Para o deputado Rubens Jr (PCdoB-MA), nem esta tentativa de intimidação salvará Bolsonaro da derrota. “Desfile de canhões, enquanto a Câmara enterra o voto impresso, é mais um episódio deplorável de Bolsonaro, o improdutivo. Mas nem isso o salvará da derrota. No Plenário e nas urnas.”

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) ao comentar a notícia afirmou que a Câmara “não vai aceitar provocações, nem intimidações”.

Para o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) “essa tentativa de Bolsonaro em demonstrar força com veículos blindado e lança-mísseis é grave, mas a democracia é soberana e não será intimidada”.

Resposta do parlamento

 “Sobre essa história de tanques nas ruas. Não quero crer que isso seja uma tentativa de intimidação da Câmara dos Deputados, mas se for aprenderão a lição de que um Parlamento independente e ciente das suas responsabilidades constitucionais é mais forte que tanques nas ruas”, reagiu na rede social o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PL-AM).

A presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que desfile de blindados é fora de propósito.  “O país numa grave crise e vão mobilizar gente e equipamento, gastando dinheiro público pra satisfazer sua índole autoritária?! E as Forças Armadas vão aceitar isso?!”, indagou.

O líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que o país está sob ameaça. “Bolsonaro organiza ato para tentar intimidar a Câmara dos Deputados amanhã. Chegou a hora de mostrar que na democracia a força vem do voto e não dos tanques! Vamos derrotar Bolsonaro mais uma vez pra lembrá-lo que o poder emana do povo e não das armas”, disse.

O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), postou no Twitter os  “avisos ao Sr. inquilino do Palácio do Planalto”. “1) Colocar tanques na rua não é demonstração de força, e sim de COVARDIA; 2) Os tanques não são seus, pertencem à Nação; 3) Quer tentar golpe Sr. Jair Bolsonaro? É o crime que falta para lhe colocarmos na cadeia”, afirmou Randolfe.

Fonte: Liderança do PCdoB na Câmara


 

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