Com explosão de covid desde julho, Cuba avança na vacinação

No fechamento da segunda-feira (23), Cuba notificou 9.907 novos casos de covid-19, o maior número desde o início da pandemia, para um acumulado de 602.526 desde março de 2020, e 92 mortes, totalizando 4.710. 

A pandemia em Cuba se caracterizou por manter raras mortes diárias durante todo o ano de 2020. De janeiro a abril de 2021 mantém uma média diária constante de 4 mortes, subindo para 10 a partir de então, até o final de junho. A explosão ascendente de casos e mortes ocorre no início de julho, chegando a cerca de cem óbitos em muitos dias de agosto.

O desenvolvimento do processo de vacinação em massa contra covid-19 no país tem coincidido com o aumento de casos positivos, graves, críticos e óbitos pela pandemia, o que tem gerado preocupação na população quanto à eficácia da vacina Soberana.

“A causa fundamental deste fenômeno é dada pela chegada a Cuba da variante Delta do vírus SARS-COV-2 e sua rápida expansão. Esta nova cepa tem as características de maior transmissibilidade, a mais alta de todas as variantes que surgiram até agora. Também foi relatado que tem um período de incubação curto e atinge uma carga viral elevada, equivalente a mais de mil vezes a de outras variantes”, justifica Eduardo Martínez Díaz, presidente do grupo empresarial BioCubaFarma, em entrevista ao Granma.

Conforme relata ele, essa nova cepa, que foi detectada pela primeira vez na Índia, se espalhou rapidamente pelo mundo, causando uma nova onda de infecções, mesmo entre as pessoas vacinadas. Os países com alta cobertura de vacinação também estão relatando níveis significativos de transmissão da variante Delta.

Embora essa nova variante do vírus não escape da proteção das vacinas atuais, há evidências de uma diminuição em sua eficácia. Em um estudo recente, publicado no The New England Journal of Medicine, a eficácia das vacinas Pfizer e Astrazeneca contra a variante Delta está diminuída, em comparação com a que encontraram com a Alpha.

À medida que essa cepa se espalha pelo planeta, surgem mais casos de pessoas, totalmente vacinadas, que se infectam e até morrem. Isso não significa que as vacinas tenham parado de funcionar, elas ainda são eficazes, principalmente para proteger contra a gravidade e a morte, mas com essa variante Delta há uma diminuição na proteção.

Atualmente, há 50.371 pacientes internados confirmados no país (casos ativos), com 9.345 altas médicas, conforme noticiou esta terça-feira em sua participação diária pelo Dr. Francisco Durán García, diretor nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde Pública (Minsap).

Vacinação

Em Cuba, a vacinação da população começou em maio, e até 14 de agosto 2,6 milhões de pessoas haviam recebido as três doses e tinham, pelo menos, 14 dias após a última, que é o tempo a partir do qual se mede a eficácia.

Segundo os dados do Ministério da Saúde, apenas 0,96% destas pessoas totalmente vacinadas foram infectadas com o vírus e a sobrevivência foi de 99,9956%, ou seja, apenas 0,0044% morreram.

Por outro lado, em Havana, onde se registrou o maior progresso na vacinação, constatou-se que a mortalidade por 100.000 habitantes entre as pessoas totalmente vacinadas no final de 14 de agosto era de 2,7, enquanto entre as não vacinadas era de 117, que ou seja, uma redução de 43 vezes na mortalidade.

Também se constatou, após a aplicação de mais de dez milhões de doses, um baixo índice de efeitos colaterais, o que confirma o alto nível de segurança das nossas preparações vacinais.

“Desde que começamos a relatar o desenvolvimento de nossas vacinas, explicamos que em 2021 toda a nossa população estaria imunizada. É um compromisso que temos e vamos cumprir. Estimamos que em novembro praticamente toda a população cubana estará vacinada”, garantiu o dirigente empresarial.

Em setembro a taxa de aplicação de vacinas deve ser maior. Espera-se acelerar a vacinação de idosos e pessoas com doenças crônicas. “Nesse mesmo mês, esperamos ter autorização para iniciar a vacinação em massa da população pediátrica a partir dos três anos de idade”.

“Tivemos que superar grandes desafios, fortes obstáculos impostos pelo bloqueio econômico para produzir vacinas em larga escala, mas estamos conseguindo”, disse Díaz.

Informações disponibilizadas pelo site oficial do Ministério da Saúde Pública:

No fechamento de ontem, 23 de agosto, 110.028 pacientes foram internados, 55.223 suspeitos, 4.434 sob vigilância e 50.371 ativos confirmados.

Para covid-19, um total de 45.529 amostras foram feitas para vigilância durante o dia, resultando em 9.907 positivos. O país acumula 7.583.637 amostras realizadas e 602.526 positivas.

Os 9.907 casos diagnosticados pertencem às faixas etárias: menores de 20 anos, (2.223), 20 a 39 anos, (2.685), 40 a 59 anos (3.104) e maiores de 60 anos, (1.895).

Dos 602.526 doentes com diagnóstico da doença, 50.371 permanecem internados. Há 4.710 mortes (92 no dia), uma taxa de letalidade de 0,78% contra 2,09% no mundo e 2,52% nas Américas; dois evacuados, 55 voltaram aos seus países, no dia em que houve 9.345 altas, acumulam-se 547.388 pacientes recuperados (90,8%).

478 pacientes confirmados são atendidos em terapia intensiva, 134 deles em estado crítico e 344 gravemente enfermos. No dia, 92 pacientes falecidos foram relatados. 

Com informações do Granma