Reino Unido prepara banimento do Hamas como ilegal, em apoio a Israel

“Resistir à ocupação, por todos os meios disponíveis, incluindo a resistência armada, é um direito garantido pelo direito internacional às pessoas sob ocupação”, diz comunicado do Hamas.

Manifestação em Gaza, administrada pelo Hamas, contra a ocupaçào israelense.

A ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel, disse nesta sexta-feira (19) que o grupo militante palestino Hamas foi declarado ilegal, uma medida que alinha a postura britânica à dos Estados Unidos e à da União Europeia em relação aos governantes de Gaza.

“O Hamas tem recursos terroristas significativos, inclusive o acesso a armamentos variados e sofisticados, além de instalações de treinamento terrorista”, disse Priti Patel em um comunicado. É por isso que hoje ajo para proscrever o Hamas em sua totalidade”.

A organização será banida de acordo com a Lei de Terrorismo, confirmou o Ministério do Interior, que deve apresentar a mudança ao Parlamento na semana que vem. Se a oferta de Patel for bem-sucedida, hastear a bandeira do Hamas, combinar um encontro com seus membros ou usar roupas de apoio ao grupo será proibido.

Politicamente, isso poderá forçar a oposição trabalhista a agir contra o Hamas, dado o forte apoio pró-palestino entre os membros mais esquerdistas do Partido Trabalhista.

Priti Patel, que pressionará pela proibição no Parlamento na próxima semana, argumentou que não era possível distinguir entre as alas política e militar do Hamas. Ela chamou o Hamas de “fundamentalmente e radicalmente anti-semita”, acrescentando que a proscrição era necessária para proteger a comunidade judaica.

Até agora, o Reino Unido só havia proscrito as Brigadas Izz al-Din al-Qassam, facção militar do Hamas. Sami Abu Zuhri, uma autoridade política do grupo, disse que a medida britânica mostrou um “viés absoluto a favor da ocupação israelense e é uma submissão à chantagem e aos ditames israelenses”.

Reação furiosa

O Hamas condenou o movimento da Grã-Bretanha no sentido de banir o grupo como uma organização terrorista que pode fazer com que os apoiadores do movimento palestino possam pegar até 14 anos de prisão.

O Hamas respondeu em um comunicado, dizendo: “Em vez de se desculpar e corrigir seu pecado histórico contra o povo palestino … [a Grã-Bretanha] apóia os agressores às custas das vítimas”.

Esse comentário se referia à Declaração de Balfour e ao Mandato Britânico, que segundo a organização entregou “terras palestinas ao movimento sionista”.

“Resistir à ocupação, por todos os meios disponíveis, incluindo a resistência armada, é um direito garantido pelo direito internacional às pessoas sob ocupação”, acrescentou o comunicado.

O grupo convocou seus apoiadores a condenar a ação do Reino Unido, ao descrever a ocupação de terras palestinas por Israel, o deslocamento forçado de palestinos, a demolição de suas casas e o cerco de mais de dois milhões de pessoas na Faixa de Gaza como “terrorismo”.

Patel, que está em uma viagem a Washington, DC, disse que sua ação foi “baseada em uma ampla gama de inteligência, informações e também links para terrorismo”.

Em 2017, Patel foi forçada a renunciar ao cargo de secretária de desenvolvimento internacional da Grã-Bretanha depois de não divulgar reuniões com altos funcionários israelenses durante uma viagem privada de férias ao país.

Ela se encontrou com o então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o então líder da oposição Yair Lapid.

Direitismo de confronto

Chris Doyle, diretor do Conselho para o Entendimento Árabe-Britânico, disse que a ação do governo do Reino Unido não vai melhorar o clima de paz.

“Eu não acho que você vai ver qualquer estancamento de violência como resultado disso, nem terá impacto na luta contra o anti-semitismo porque aqueles que têm pontos de vista antijudaicos o farão independentemente ”, disse ele.

O governo do Reino Unido “parece estar muito feliz em tomar esta medida hoje contra o Hamas, mas não diz absolutamente nada sobre as transgressões realmente graves [de Israel] do direito internacional, violações das resoluções do Conselho de Segurança, uso de tortura [e] demolições de casas”, ele acrescentou.

Fundado em 1987, o Hamas é contra a ocupação dos territórios palestinos por Israel. Com sede em Gaza, o Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas de 2006, derrotando seu rival nacionalista Fatah. Assumiu o controle militar de Gaza no ano seguinte.

Um ataque israelense de 11 dias a Gaza em maio deste ano matou pelo menos 250 palestinos, incluindo 66 crianças. Autoridades israelenses dizem que 13 pessoas, incluindo duas crianças, foram mortas em Israel por foguetes do Hamas.

Com informações da Al Jazira

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