Apesar de apagão de dados, contágios por covid mais que dobraram
Sem esforço para solucionar a falta de estatísticas confiáveis da covid, já é possível observar que a média atual de mais de 8 mil casos, ultrapassa o dobro dos cerca de 3 mil casos registrados pelo consórcio da imprensa na semana anterior
Publicado 04/01/2022 08:01 | Editado 04/01/2022 16:35
Com as 56 mortes registradas nos últimos três dias, das quais 28 entre sábado (31) e domingo (1º), o Brasil chega a 619.209 óbitos por covid-19 desde o início da pandemia, somadas aos 76 de hoje. Há ainda 2.830 óbitos em investigação, mas as últimas semanas de ataques ao sistema de dados do Ministério da Saúde colocam os números em suspeição. O consórcio da imprensa registrou média de 96 óbitos por dia, uma queda de 23%, mas isto pode não espelhar a realidade em cada estado, pois não se sabe se os números estão relacionados com o represamento de dados.
Há vários sinais de que os contágios estão aumentando de forma descontrolada. As notificações estaduais já revelam um aumento de 153% na média móvel de casos, de cerca de 3 mil casos na semana anterior, para mais de 8 mil, agora. Especialistas da FioCruz não conseguem ter certeza se esse dado é consequência de um represamento causado pelo apagão do sistema de dados do Ministério da Saúde.
Um dado alarmante foi registrado pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, nesta segunda (3). Segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, o número de testes rápidos realizados na segunda quinzena de dezembro cresceu mais de 50% na comparação com a primeira.
A alta também se reflete na chamada taxa de positividade. Eram pouco mais de 5% de exames positivos no começo de dezembro. No meio do mês, chegou a quase 7%. E, neste domingo (2), essa taxa já esbarrou nos 27%.
“A gente vinha de uma média de 80 a 90 mil testes por semana. Então, óbvio, se a procura aumenta para 130, 140, 150 mil testes, obviamente se você tem um pico inesperado, aí a gente tem que repensar os estoques, repensar a oferta do produto. É o que está acontecendo no momento”, explica Sergio Mena Barreto, diretor-executivo da Abrafarma, em entrevista ao JN.
Apagão perene
Desde o último dia 10, os dados relativos a covid-19 se encontram comprometidos, por conta do apagão que atingiu o Ministério da Saúde e ainda não foi completamente resolvido, de acordo com informações fornecidas por diversos estados. Na última sexta (31), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que sua expectativa é que o sistema pode voltar ao normal em até duas semanas.
São números baixos que prenunciam um início de ano preocupante, com crescimento explosivo de diagnósticos positivos para covid, devido à proliferação da variante ômicron. A vacinação avançada limita o número de óbitos, mas não impede o alto número de contágios e eventuais internações. Além disso, um surto de gripe pelo país também
O total de casos confirmados é de 22.305.078, já somados os 11.850 casos divulgados nas últimas 24 horas pelo Ministério da Saúde. Este número representa mais que o dobro de casos da semana anterior, um aumento de 153%.
Como criticou o infectologista Marcos Boulos, em entrevista ao portal Vermelho, os governos esperam para ver o que acontece para decidir o que fazer, em vez de prevenir as causalidades. Segundo ele, desanimado, desde o início, o Governo Federal, e depois os governos locais, desistiram de medidas preventivas recomendadas pela ciência, para flexibilizar medidas sanitárias e, somente diante de uma explosão de internações, tomar alguma medida restritiva.
Esse descontrole calculado permite que grandes aglomerações de férias nas praias, bares, festas, shows e navios lotados com milhares de pessoas sejam permitidos, até que haja um surto e prefeituras e governos estaduais sejam obrigados a tentar reduzir a lotação de leitos nos hospitais.
Os cruzeiros de viagens marítimas são o sinal mais óbvio desta situação. Por serem ambientes controlados pela vigilância sanitária, acabam sendo os primeiros a revelar a dimensão da catástrofe sanitária, sofrendo os impactos restritivos, também. No entanto, as imagens de festas com milhares de pessoas sem máscaras se aglomerando na virada do ano certamente estão favorecendo o mesmo cenário dos navios, sem qualquer controle da vigilância sanitária.
A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (Clia) divulgou nesta segunda-feira (3) que as companhias suspenderão suas operações no Brasil até o próximo dia 21, sob protestos. A decisão acontece um dia depois de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforçar a “urgência” em acabar com temporada de cruzeiros após surtos de Covid em navios. A recomendação foi feita ao Ministério da Saúde.
A entidade, que reúne as empresas do setor, afirmou que os “menos de 400 casos positivos identificados representam cerca de 0,3%, ou seja, uma pequena minoria dos 130 mil passageiros e tripulantes embarcados desde o início da atual temporada, em novembro”.
Vacinação: 67,29%
Dados também reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa mostram que 143.539.3259 pessoas tomaram a segunda dose ou dose única de vacinas e, assim, estão totalmente imunizadas. Este número representa 67,29% da população.
13 estados e o DF não divulgaram dados da vacinação.
A dose de reforço foi aplicada em 26.851.013 pessoas, o que corresponde a 12,59% da população.
Um total de 161.268.710 pessoas, o que representa 75,6% da população, tomou ao menos a primeira dose de vacinas.