Ucrânia, e agora?

A crise na Ucrânia está se estreitando rapidamente hoje em uma luta acentuada entre a Rússia e o Ocidente que deixa pouco espaço para uma solução diplomática, política e valor midiático da imprensa.

Mapa da Ucrânia e regiões de Donetsk e Luhansk l Reprodução/CNN

O discurso do presidente Vladimir Putin nesta segunda-feira (21) deixou os ucranianos – e os governos ocidentais – tentando adivinhar o que pode vir a seguir, informou o New York Times.

Na violação dos acordos de Minsk e na falta de garantias ocidentais às reivindicações de segurança do Kremlin para seu país, parece que a busca de solução para a crise foi e ainda é algo que especialistas de ambos os lados consideram essencial.

O cenário desta terça-feira (22), desenhado há meses, não deve pegar os Estados Unidos e seus aliados de surpresa. Meses de campanhas midiáticas com informações distorcidas, ameaças de sanções e ações que antecipavam o avanço da OTAN em direção às fronteiras da Rússia, acabaram por esgotar a paciência dos governantes daquela nação.

O reconhecimento por parte de Moscovo das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk, ainda que presumivelmente tenha surpreendido o Ocidente, era previsível e mais uma vez traz à tona os Acordos de Minsk que teriam conferido autonomia a estes territórios sem deixar de fazer parte do Ucrânia.

A realidade descrita pelo The New York Times é que com o envio de forças armadas pela Rússia e a promessa de sanções pelos Estados Unidos, o conflito ucraniano entrou em um novo e perigoso capítulo.

Nesta terça-feira é esperada uma nova resposta ocidental. Até então, vários assessores de Biden disseram que esperavam ver forças russas cruzando a fronteira para a Ucrânia, cruzando a linha que Biden havia estabelecido para impor sanções “rápidas e severas” a Moscou, observou o jornal.

No entanto, a Rússia reiterou nas Nações Unidas que continua aberta a uma solução diplomática para resolver o conflito no Donbass, embora a Ucrânia continue com sua retórica militar e não cumpra os Acordos de Minsk, segundo a representação de Moscou na ONU.

O embaixador russo nas Nações Unidas, Vassili Nabenzia, expôs em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança na noite desta segunda-feira o motivo das recentes decisões do presidente Putin.

Kiev não apenas retornou rapidamente à retórica militar e continuou o bombardeio de civis, mas também fez o possível para destruir os Acordos de Minsk, que pedem o fim das hostilidades na região de Donbass, afirmou o diplomata russo.

Ele ressaltou que há um pânico infundado entre os países ocidentais sobre uma suposta invasão russa da Ucrânia, embora seu país tenha anunciado o envio de forças para manter a paz nas autoproclamadas repúblicas independentes.

A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Políticos, Rosemary DiCarlo, considerou que as próximas horas e dias serão críticos, pois é urgente evitar a todo custo o risco de um grande conflito.

De acordo com fontes diplomáticas, os países aliados dos Estados Unidos (principalmente Reino Unido, França, Irlanda, Suécia e Albânia) até agora não conseguiram obter o apoio de outras nações não europeias no Conselho de Segurança em sua posição contra a Rússia.

Por outro lado, alguns especialistas estimam que tanto o presidente Joe Biden quanto o primeiro-ministro britânico Boris Johnson tenham um motivo mais específico para exagerar a ameaça externa, já que ambos enfrentam a possibilidade de uma derrota eleitoral em 2024, segundo o jornalista e escritor irlandês Patrick Oliver Cockburn.

E agora o que virá?, é a grande pergunta que percorre o mundo.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho

Fonte: Prensa Latina