PCdoB vai anunciar apoio a Lula neste sábado (26), diz Luciana Santos
Segundo a dirigente comunista, o anúncio público do apoio a Lula está previsto para sábado (26), em Niterói (RJ), no Ato Político Frente Ampla para Florescer a Esperança
Publicado 24/03/2022 14:21 | Editado 24/03/2022 21:00

A presidenta nacional do PCdoB, Luciana Santos, confirmou nesta quinta-feira (24) que o Partido vai formalizar o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais de 2022. Luciana participou pela manhã do seminário “Brasil Pós-Pandemia: Desafios do Projeto Nacional de Desenvolvimento”, que está sendo promovido pela CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), no Rio de Janeiro.
Segundo a dirigente comunista, o anúncio público do apoio a Lula está previsto para sábado (26), em Niterói (RJ), no Ato Político Frente Ampla para Florescer a Esperança. A atividade é parte da programação do Festival Vermelho, o principal evento nos marcos do centenário do PCdoB. Um dia antes do anúncio, haverá, também em Niterói, uma reunião ampliada do Comitê Central do Partido, que deve oficializar a decisão.
No encontro com sindicalistas da CTB, Luciana reforçou a prioridade maior dos brasileiros em 2022: derrotar Jair Bolsonaro e se livrar de seu governo de destruição, para reconstruir o País e retomar o rumo do desenvolvimento. “O Brasil se encontra destruído”, afirmou. “Não foi pouco o que o atual governo conseguiu fazer em termos de ataque aos direitos, às instituições, à democracia e aos instrumentos de desenvolvimento. É certamente o pior presidente da história do Brasil.”
Dependência
A presidenta do PCdoB – que também é vice-governadora de Pernambuco – declarou que a condição do Brasil como nação dependente voltou a ficar em evidência nos últimos anos: “Foi assim com a pandemia, quando sofremos com a falta de respiradores e de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) para as vacinas contra a Covid-19. Agora, com a crise na Ucrânia, ficou clara novamente nossa dependência das cadeias produtivas mais dinâmicas do mundo”.
Há vários “paradoxos” nessa situação, segundo Luciana. “Não temos fertilizantes neste país de terra fértil, o maior produtor de alimentos do mundo, exportador carne, de frutas. Somos uma referência em commodities que depende da exportação de fertilizantes.”

Petrobras
Outro caso alarmante é o da Petrobras, a principal estatal brasileira, cuja política de preços – a PPI (preço de paridade de importação) – tem agravado ainda mais a inflação no Brasil. Hoje, o preço do petróleo e de seus derivados no País está subordinado à cotação internacional do barril petróleo e ao valor do dólar em relação ao real. “É uma política de preços criminosa”, denuncia Luciana. “A Petrobras determina muitos dos fatores da base da economia brasileira, é uma ferramenta indutora do desenvolvimento nacional e implica várias cadeias produtivas. O governo não pode ignorar o peso estratégico da Petrobras.”
A dirigente lembrou que a privatização e o desmonte das refinarias piorou a crise dos combustíveis. “Com menos produção nas das refinarias, temos de importar mais derivados de petróleo, com valor agregado. Dos dez itens que o País mais importa, seis ou sete são esses derivados”, afirma Luciana. “Com a inflação provocada pela alta dos alimentos e dos combustíveis, já existem capitais em que a cesta básica responde por 60% do salário mínimo.”
Desemprego
Como resposta à disparada da inflação, o Banco Central, por meio de seu Comitê de Política Monetária (Copom), fez a taxa básica de juros (Selic) saltar, em um ano, de 2% para 11,75%. “Não somos os únicos a denunciar essa tragédia. O presidente da Fiesp, Josué Gomes, tem dito que é preciso pensar para além do Copom, que o setor produtivo está comprometido, que a elevação da taxa de juros retrai a já combalida economia do Brasil.”
Um dos impactos da crise econômica é o aumento da precarização no trabalho. O País soma 29,1 milhões de trabalhadores desempregados, desalentados ou subempregados, conforme o IBGE. “Cerca de 25% da força de trabalho brasileira está nessa situação – e 30% desse contingente é de jovens. Temos 11 milhões de brasileiros de 15 a 26 anos que nem estudam nem trabalham”, diz Luciana. “Além disso, 41 milhões estão na informalidade – o equivalente a um a cada quatro trabalhadores no setor privado.”
As manobras de Bolsonaro
Luciana alertou os sindicalistas para a mudança de estratégia de Bolsonaro. Ciente do impacto da pandemia e da crise econômica sobre sua popularidade em baixa, o presidente adotou duas táticas simultâneas. Primeiro, deixou de lado o discurso negacionista, “talvez à espera de que o povo brasileiro esqueça as dores das mais de 658 mil mortes decorrentes da pandemia e da negligência do governo”.
Segundo, Bolsonaro investe em iniciativas econômicas eleitoreiras, que ajudam a melhorar temporariamente a renda de parte dos brasileiros, sem enfrentar de fato as causas da crise. Exemplo dessa manobra, anunciado há uma semana, é o Programa Renda e Oportunidade, um pacote que envolve R$ 165 bilhões. Não quer dizer, porém, que a gestão bolsonarista injetou todo esse montante a mais na economia. Entre as ações do programa, está a liberação de parte do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e a antecipação do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS.
#ForaBolsonaro
No entanto, a rejeição a Bolsonaro permanece majoritária entre os brasileiros, “especialmente as mulheres”, frisou Luciana. “O #EleNão continua muito forte.” Pesquisa BTG/FSB divulgada nesta semana indica que 53% dos eleitores consideram o governo “ruim” ou “péssimo”. Entre as mulheres, o índice de desaprovação sobe para 56%.
“Bolsonaro é expressão de uma fração reacionária e autoritária das classes dominantes, é produto desta época, da cultura digital, da fragmentação e polarização da sociedade”, resume Luciana. “É uma expressão de poder cada vez mais distante dos reais anseios do nosso povo. Ele precisa ser derrotado para que o Brasil retome o seu caminho. Fora, Bolsonaro!”
Lula e os trabalhadores
Na opinião da presidenta do PCdoB, a luta para derrotar Bolsonaro avançou com a formação da federação partidária entre PT, PCdoB e PV. A federação deve liderar a missão de reconduzir Lula à Presidência da República, como parte de uma composição ampla e programática. “O Lula tenta atrair as forças do Centro comprometidas com o legado democrática. Mas há também a necessidade de se formar um polo popular e de esquerda, um núcleo estratégico mais afinado programaticamente – algo que não houve nos governos Lula e Dilma.”
Luciana saudou a convocação, para 7 de abril, da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora – a Conclat 2022. “É um marco da nossa luta, e o DNA de sua construção tem muito da CTB”, afirmou. “Que esse grande fato do processo político viabilize a pauta dos trabalhadores.”
Trabalhadores
De acordo com a dirigente, o Brasil pós-pandemia e pós-Bolsonaro precisa pôr fim a retrocessos como o teto de gastos, o tripé econômico e a reforma trabalhista. “Mas uma correlação de forças mais favorável aos trabalhadores requer um contexto mais avançado, com maioria política de forças populares e progressistas. Por isso, é necessário botar o bloco na rua e eleger trabalhadores e trabalhadoras para o Congresso Nacional.”
A um dia do centenário do Partido Comunista do Brasil, Luciana renovou o compromisso do PCdoB com a classe trabalhadora. “A centralidade do trabalho é o sentido de nossa existência. O PCdoB é um instrumento da luta política para a defesa dos trabalhadores.”