Senado tem assinaturas para criar CPI do escândalo de corrupção no MEC

A partir da coleta do número mínimo de assinaturas, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) diz que é preciso ficar vigilante para que parlamentares não retirem suas assinaturas por causa da pressão feita pelo Palácio do Planalto

O senador Randolfe Rodrigues (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou a existência de 27 assinaturas no requerimento que pede a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o escândalo de corrupção no Ministério da Educação (MEC). Trata-se do número mínimo regimental para que a ação seja protocolada.

De acordo com Randolfe, o fato determinado é que a pasta se transformou num balcão de negócio, sendo o ex-ministro Milton Ribeiro no “mínimo cumplice” do pedido de propina feitas por pastores a prefeitos para liberação de verbas.

Randolfe Rodrigues diz que ficará vigilante durante o final de semana e o início da próxima para que as assinaturas não sejam retiradas, pois a pressão do Palácio do Planalto é grande para evitar a “CPI do Bolsolão do MEC.”

“O segundo ponto é ampliarmos o número de assinatura exigidas, isso porque já sentimos que o desespero emanado do Palácio do Planalto, sobretudo da Casa Civil, para em uma operação desesperada retirar assinaturas. E numa outra fazer cortina de fumaça para os fatos reais. Tem de ter CPI para esclarecer esses crimes”, defendeu.

Esquema

Três prefeitos confirmaram na última terça-feira (5), na Comissão de Educação do Senado, o esquema de corrupção envolvendo pastores Gilmar Santos e Arilton Moura que cobravam propina dos prefeitos para liberar verbas. Os encontros aconteciam após reunião com Milton Ribeiro. Em áudio vazado, o ex-ministro disse o presidente Bolsonaro lhe pediu para atender os pleitos do pastor Gilmar. Os encontros teriam ocorrido entre março e abril de 2021

O prefeito de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), que recebeu pedido de propina em ouro, afirmou que seu encontro ocorreu no dia 7 de abril de 2021, em Brasília, na presença de 20 a 30 prefeitos. Na ocasião, Arilton Moura cobrou dele R$ 15 mil e 1 kg de ouro para protocolar os pedidos de verbas.

“O pastor estava sentado na mesa no Ministério da Educação e, em seguida, fomos para o almoço. Nesse almoço, que não estava o ministro, só estavam os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, e 20 a 30 prefeitos. A conversa lá era muito aberta. Ele [Arilton] virou para mim e disse: ‘Cadê suas demandas?’. Eu apresentei minhas demandas para ele e ele falou rapidamente: ‘Você vai me arrumar R$ 15 mil para protocolar suas demandas e, depois que o recurso tiver empenhado, como sua região é de mineração, você vai me trazer 1 kg de ouro’. Eu não disse nem que sim nem que não e me afastei”, relatou o prefeito.

Autor