Cresce pressão pela instalação, nesta semana, da CPI do MEC no Senado

Nos bastidores, Randolfe Rodrigues disse que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teria dado o “ok” para instalação. O líder da oposição espera dar entrada no documento nesta terça-feira (28)

Ex-ministro Milton Ribeiro (Fotomontagem feita com as fotos de: Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr; Marcos Oliveira/Agência Senado)

Líder da oposição, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) aguarda obter 30 assinaturas de apoio para dar entrada, ainda nesta semana, no pedido de instalação da CPI do MEC a fim de investigar corrupção na liberação de verbas da pasta por influência de pastores evangélicos. A criação do colegiado ganhou força após a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e da revelação de gravação telefônica demonstrando que Bolsonaro pode ter interferido nas investigações.

“Precisamos passar a limpo toda corrupção desse Governo! Todos os pré-requisitos para a instalação da CPI do MEC estão presentes. A CPI dará à PF e ao MP a tranquilidade de fazer a investigação sem nenhum tipo de interferência política!”, defendeu Randolfe, que disse ter 28 assinaturas a favor, ou seja, uma a mais do que o necessário.

A necessidade de colher mais assinaturas é uma reação contra a pressão do governo pela retirada delas. Para evitar a criação do colegiado, o Planalto começou a oferecer cargos e verbas aos parlamentares.

Nos bastidores, o líder da oposição disse que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), teria dado o “ok” para instalação. Randolfe espera dar entrada no documento nesta terça-feira (28).

Leia mais: Ex-ministro diz que Bolsonaro lhe avisou de buscas da PF antes de ser preso

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que os novos fatos que vieram à tona justificam a instalação da CPI. “O governo pagou R$ 1,8 bi em emendas no dia da prisão de Milton Ribeiro; assessores de Ribeiro pediram demissão por conta da atuação de pastores dentro do MEC; e pastor e o ex-ministro estiveram em 10 vezes no mesmo hotel. CPI do MEC neles!”, enumerou.

Nas suas redes sociais, o vice-líder do PCdoB na Câmara dos Deputados, Orlando Silva (SP), cobrou a imediata instalação do colegiado: “Não adiantaram as manobras diversionistas para tirar a corrupção do foco. A semana começa com pressão para a instalação da CPI DO MEC, agravada pela interferência de Bolsonaro na PF. O governo Bolsonaro rouba, deixa roubar e protege quem rouba. CPI JÁ!”

“TIC TAC: Oposição reúne assinaturas suficientes para convocar CPI do MEC no Senado. Requerimento deve ser protocolado nesta terça-feira. Está chegando a hora dos falsos profetas serem desmascarados”, diz o deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

O senador Randolfe Rodrigues (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

STF

Na sexta-feira (24), Randolfe solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de um inquérito para apurar a possível interferência de Bolsonaro nas investigações da PF. A suspeita levou o Ministério Público Federal (MPF) a pedir à Justiça que a investigação sobre o ex-ministro fosse enviada ao STF.

Uma interceptação telefônica mostra que Milton Ribeiro disse ter recebido uma ligação de Bolsonaro dizendo que temia ser atingido por meio da investigação contra o ex-ministro.

Na gravação, no último dia 9, o ex-ministro diz a uma filha que o presidente lhe avisou sobre possível operação de busca e apreensão,  contra ele pela Polícia Federal (PF). “A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né? O trecho está em investigação da Polícia Federal”, disse o ex-ministro na ligação à filha.

“Ele quer que você pare de mandar mensagens?”, questionou a filha. “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios, né?”, disse Ribeiro.

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