Deputados apoiam visão de relator da ONU sobre riscos à democracia no país

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o bolsonarismo está acabando com o Brasil. “Além de derrotar o fascista em outubro, teremos que reconstruir as instituições, as relações sociais e a civilidade”, afirmou

(Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a liberdade de reunião e de associação, Clément Nyaletsossi Voule, falou sobre a crescente violência política e deu como exemplo o caso não solucionado da morte da vereadora Marielle Franco. Ele também falou sobre a onda de fake news, a tentativa de criminalização do movimento social e os ataques a jornalistas e indígenas.

De acordo com o relator, a violência política no país tem um recorte racial e de gênero, incidindo de maneira mais contundente entre mulheres negras, em especial ligadas à comunidade LGBTQIA+. “Quando a participação política de qualquer pessoa coloca sua vida em risco é porque estão matando a democracia”, disse.

No tocante a fake news, nas duas semanas que passou no Brasil, o relator da ONU afirmou que viu um movimento de desinformação e de ataque orquestrado ligado ao aumento no uso das mídias sociais. As ferramentas utilizadas por 85% dos brasileiros, na sua opinião, estão sendo usadas para propagar a desinformação contra grupos, indivíduos e instituições. Para ele, a desinformação é algo que também destrói a democracia.

A entrevista dele repercutiu no parlamento brasileiro. O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) disse que o bolsonarismo está acabando com o Brasil. “Além de derrotar o fascista em outubro, teremos que reconstruir as instituições, as relações sociais e a civilidade”, afirmou.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) concordou com o relator da ONU. “Impedir a participação da sociedade na construção de políticas e nos processos decisórios, como Bolsonaro fez ao fechar cerca de 650 conselhos no país, é sobretudo violência política”, disse.

A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) destacou o encaminhamento da denúncia feita ao relator. “Nosso mandato e o PSOL, junto a movimentos sociais e organizações da sociedade civil, apresentamos ao relator especial da ONU sobre o aumento acelerado da violência política contra parlamentares e lideranças negras e LGBTIA+ no Brasil”, lembrou.

“ATENÇÃO! A crescente violência política no Brasil tem preocupado o mundo. Relator da ONU, Clément Voule, alerta para a gravidade da situação do país, que sob o comando de Bolsonaro tem promovido ataques a jornalistas, aos povos tradicionais e criminalizado os movimentos sociais”, postou no Twitter o senador Humberto Costa (PT-PE).

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