Deputados dizem que proposta de congelar preços é para enganar população

Em videoconferência com supermercadistas, Bolsonaro tentou convencer os empresários a zerar os lucros dos produtos que fazem parte da cesta básica

(Foto: Tânia Rêgo Agência Brasil)

Após a divulgação da inflação de maio (IPCA), que acumula alta de 11,73% em 12 meses, Bolsonaro, mais uma vez, resolveu tirar o corpo fora tentando envolver empresários e os donos de supermercados numa farsa para segurar a disparada de preços até as eleições.

Na quinta-feira (9), em videoconferência durante o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Bolsonaro tentou convencer os empresários a zerar os lucros dos produtos que fazem parte da cesta básica.

O ministro Paulo Guedes (Economia) também participou do evento de forma virtual e reforçou a ideia, defendendo que a tabela de preços de alimentos da cesta seja reajustada apenas em 2023.

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Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), o pedido aos empresários para que congelem os preços até o final do ano é parte do “plano eleitoreiro diabólico de Bolsonaro”. “Ou seja, enganam o povo até a eleição e depois os preços podem aumentar à vontade”, escreveu no Twitter.

“O BRASIL TEM FOME. BOLSONARO TEM SEDE DE PODER. CANALHAS!”, acrescentou no post.

Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara dos Deputados

“Guedes pede que supermercados segurem os preços até as eleições passarem. Tá querendo enganar o povo pra reeleger o genocida e depois tudo voltar. Isso é golpe!”, criticou a deputada Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) considerou a fala do presidente infame. “Produtos da cesta básica sobem até 67% em 12 meses. Solução do Bolsonaro: fazer apelo aos donos de supermercados por congelamento de preços. Mas só até a eleição. Depois o povo que se exploda. A canalhice é tanta que nem disfarça”, disse o parlamentar.

“Guedes sugere congelamento de preços. Nada mais populista que um liberal em desespero eleitoral. Guedes é o ministro do desemprego, da inflação e da fome”, criticou o deputado Marcelo Ramos (PSD-AM).

Inflação x eleição

O custo da cesta básica aumentou 48,3% em três anos. Mas Bolsonaro não fez nada esse tempo todo para enfrentar a fome que hoje assola o país e atinge 33 milhões de brasileiros.

O grupo de alimentos essenciais para a vida dos brasileiros passou de R$ 482,40, em fevereiro de 2019, logo depois da posse de Bolsonaro, para R$ 715,65, no mesmo mês de 2022. O aumento foi apurado pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A alta é o dobro da inflação acumulada no período, de 21,5%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O impacto da inflação no preço dos alimentos, assim como os combustíveis, tem tirado o sono de Bolsonaro a menos de quatro meses da eleição.