Sob Bolsonaro, número de pistolas registradas pela PF cresceu 170%

Revólveres e espingardas também registram aumento de 25% e 44% respectivamente

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Mais um dado alarmante acerca da circulação de armas de fogo no Brasil foi tornado público nesta terça-feira (26): após a política de flexibilização de Bolsonaro, o número de pistolas registradas pela Polícia Federal aumentou 170%, passando de 40 mil em 2018 para 108 mil em 2021. 

Os revólveres e espingardas também tiveram aumento no atual governo: 25% e 44% respectivamente. Os dados foram obtidos pela Folha de S.Paulo via Lei de Acesso à Informação. Já entre os registros ativos de CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), registrados pelo Exército, o crescimento entre 2018 e 2022 foi de 473%, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. 

Ao Portal Vermelho, Ivan Marques, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destacou que esse aumento é algo “bastante natural frente a toda essa promoção para a compra de armas de fogo feita pelo presidente da República e todo o governo federal”. 

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A relação entre o estímulo de Bolsonaro e o número de armas pôde ser constatada recentemente em outro levantamento feito pelo jornal paulista. Os 16 estados em que o presidente teve mais votos no segundo turno da eleição de 2018 também foram os que mais registraram crescimento no número de novas armas pela PF, 320%, contra 223% nos 11 em que Fernando Haddad (PT) venceu.  

Sob a gestão de Bolsonaro, já foram publicados 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que facilitam o acesso a armas e munições.

Armas não mais restritas

Ivan Marques salienta ainda que a gravidade da situação não diz respeito apenas à maior circulação, mas também aos tipos de arma e o que isso representa para a segurança pública. “Vamos lembrar que em 2019, uma das primeiras medidas do governo federal foi a liberação de calibres e modelos, bem como munição, antes restritas às polícias e forças de segurança”, colocou.

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A pistola nove milímetros, que rapidamente se tornou o tipo mais comum vendido no Brasil, assim como a .40, eram restritas às forças policiais, o que inclusive facilitava a investigação na hora de rastrear a origem das armas apreendidas com o crime, o que fica mais difícil dado que o universo agora é muito maior. 

A esta situação perigosa e complexa, Marques acrescenta outro dado: “O impacto desse aumento de pistolas, principalmente, e armas curtas, de mão, para o crime de modo geral, é bastante preocupante. Afinal, é a arma preferida dos criminosos, facilmente ocultável, e acaba sendo transferida muito rapidamente.  Com o aumento do número de circulação desse tipo de arma no mercado legal, irreversivelmente haverá uma migração para o mercado ilegal”.

Todo esse cenário, diz, “é um perigo  grande para a sociedade brasileira que deve conviver com esses armamentos por muitos e muitos anos”.