Cresce 24% número de mortes por armas de fogo de mão no Brasil

Segundo dados Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, homicídios por esse tipo de arma saíram de 3.118 em 2020 contra 3.878 em 2021

Foto: arquivo/Agência Brasil

O Brasil teve um aumento de 24% no número de homicídios por armas de fogo de mão no ano passado, apesar de ter registrado redução geral nos assassinatos em 2021. O índice, colhido junto ao Sistema de Informação de Mortalidade do Ministério da Saúde, reforça o que especialistas defendem há muito tempo: a maior circulação de revólveres, pistolas e afins contribui diretamente com o aumento de assassinatos, ao contrário do que o bolsonarismo apregoa.

Ao todo, segundo os dados do SIM obtidos pelo UOL, o número pessoas assassinadas por armas de fogo de mão — de calibre menor, como pistola e revólveres — foi de 3.118 em 2020, ante 3.878 em 2021, enquanto as mortes ligadas a outros tipos de agressão tiveram redução. Ao mesmo tempo, 2021 registrou diminuição de 13% nos homicídios em geral, saindo de 47,6 mil em 2020 para 41,3 mil no ano passado — 25 mil foram por arma de fogo não especificada.

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A redução no número assassinatos apontados no SIM vai ao encontro da tendência mostrada pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, que apontou queda de 6,5% nas mortes violentas intencionais, dos quais 76% foram cometidas com armas de fogo. 

No entanto, o anuário alerta para o fato de que tal tendência teve início ainda em 2018 e se relaciona não com o aumento da circulação de armas pelo governo Bolsonaro, mas sim por variados fatores, entre os quais estão, por exemplo, aspectos locais e regionais, mudanças demográficas, políticas adotadas por estados e municípios e a dinâmica do crime organizado. 

Especialistas na área da segurança pública dentro e fora do Brasil e evidências científicas vêm mostrando que o maior número de armas tende e a aumentar a violência letal e não o contrário. Antes de o Estatuto do Desarmamento ser sancionado, em 2003, “a velocidade de crescimento dos assassinatos no país desde o início dos anos 1980 era 6,5 vezes maior do que a que passou a vigorar no período subsequente”, diz o Altas da Violência de 2020.

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“Pessoas com acesso a arma de fogo tendem a dar respostas mais violentas para a solução de conflitos interpessoais. O maior número de armas em circulação também beneficia criminosos, dado que o aumento da facilidade e do acesso a armas tende a reduzir o seu custo, permitindo inclusive que a mesma seja adquirida legalmente, ainda que vá ser usada no mercado ilegal”, aponta artigo do anuário, escrito por Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública; Samira Bueno, diretora- executiva do FBSP; Isabela Sobral, pesquisadora FBSP e Paulo Jannuzzi, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. 

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