Bolsonaro quer submeter Forças Armadas ao vexame no 7 de Setembro

A deputada Jandira Feghali criticou a transferência da parada militar do Dia 7 de Setembro do Centro para a Praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Ela diz que o presidente quer usar os militares para seu projeto político

(Foto: Reprodução do Twitter)

Bolsonaro avança para se apropriar politicamente dos 200 anos da Independência do país a ser comemorado no Dia 7 de Setembro. Nessa data, o presidente golpista já anunciou, por exemplo, a transferência da parada militar do Centro do Rio de Janeiro para a Praia de Copacabana, reduto das manifestações bolsonarista antidemocráticas.

“O presidente está usando as forças militares política e eleitoralmente, o que é errado! É uma forma de depreciar o prestígio das Forças Armadas”, disse o general da reserva Paulo Chagas ao jornalista Chico Alves, colunista do UOL. Ex-aliado do presidente, o militar previu uma reação drástica dos que estão na ativa: “Eles podem dizer ao presidente que essa é uma ordem errada e que ordem errada não se cumpre”.

Na avaliação da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), o presidente quer usar as Forças Armadas para seu projeto político.

“Nós, comunistas, já passamos por muita coisa — por estados autoritários, por ditadura, por torturas, por clandestinidade — e jamais silenciamos diante de ameaças tão profundas à democracia brasileira. E repito a palavra ‘democracia’ quantas vezes forem necessárias, quando vemos um chefe de Estado tentar submeter as Forças Armadas brasileiras a vexames permanentes, como vai fazer agora no 7 de Setembro, mudando o seu roteiro botando tanques em Copacabana, para tentar usar as Forças Armadas para o seu projeto eleitoreiro”, criticou.

E completou: “É uma vergonha tentar se passar por proprietário das Forças Armadas e incitar a violência de outras forças que portam armas, para subverter a hierarquia e para tentar subverter a não aceitação de um resultado eleitoral — que ele sabe — da derrota iminente”

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O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) considerou uma situação esdrúxula. “Bolsonaro usurpou os símbolos nacionais e agora trata o 7 de setembro como sua data. Um absurdo! Esse cara está LONGE de ser um patriota. Nunca pensou no Brasil e nem no nosso povo”, escreveu no Twitter.

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou medida judicial contra a mudança do local do desfile militar. “O Exército pertence à Nação, não ao inquilino de plantão da Presidência! Os 200 Anos de Nação Independente foi forjado pelo nosso povo e não por fascistas como você, Bolsonaro! Vamos representar judicialmente para impedir essa mudança de local”, anunciou.

Deputada Jandira Feghali (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara dos Deputados)

Terrorismo

O jornalista Matheus Leitão denunciou na sua coluna na revista Veja que órgãos de inteligência estão investigando uma suspeita de ataques ao 7 de setembro com viés golpista. O objetivo, segundo ele, é criar um factoide político para mudar o curso da eleição de 2022.

“A suspeita foi confirmada por dois oficiais desses órgãos de inteligência à coluna, com longo serviço prestado ao país, mas sem nenhum viés ideológico”, disse o colunista.

“O Bolsonarismo busca a todo custo perpetrar sua sanha golpista! Segundo fontes de órgãos de Inteligência, o intuito agora é de criar um factoide político para mudar o curso da eleição de 2022, culpando a esquerda por um ataque antidemocrático. Não passarão!”, reagiu o senador Fabiano Contarato (PT-ES).

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