Haddad quer zerar impostos da carne e da cesta básica em SP

Para candidato, o aumento do salário mínimo regional e a desoneração dos alimentos vão ajudar a aquecer a economia

Haddad com Lula, na USP (Foto: Ricardo Stuckert)

Em campanha para governador de São Paulo, o ex-ministro Fernando Haddad (PT) defende a redução no preço dos alimentos essenciais como medida emergencial para combater a carestia e o avanço da fome. Uma de suas propostas mais ousadas é a desoneração tributária da carne e dos itens da cesta básica.

Desde a semana passada, Haddad tem prometido que, se for eleito, esses produtos terão isenção de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias ou Serviços). Em perspectiva, a ideia é que, na medida de suas possibilidades, outros entes – a União e as prefeituras – também zerem tributos sobre a cesta.

“A cesta básica e a carne não vão mais pagar ICMS”, declarou ele, na última quinta-feira (25), durante plenária com sindicalistas na Casa de Portugal, no centro paulistano. Segundo Haddad – que foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff, além de prefeito de São Paulo (SP) – reduzir “o preço do que é essencial” pode ser uma forma de “aumentar o poder de compra do trabalhador”.

No começo do mês, no debate promovido pela Band com os candidatos ao Palácio dos Bandeirantes, o petista já havia se comprometido em elevar o salário mínimo regional logo no primeiro dia de governo. A proposta é que o piso seja reajustado de R$ 1.284 para R$ 1.580, repondo perdas acumuladas ao longo do governo João Doria/Rodrigo Garcia (2019-2022).

Aos sindicalistas, Haddad afirmou que o aumento do mínimo e a desoneração dos alimentos vão ajudar a aquecer a economia. “Vocês vão ver que, no começo do ano que vem, a carne vai baixar cerca de 10% no açougue e o poder de compra do seu salário vai aumentar de duas maneiras”, discursou.

“O salário vai aumentar um pouco, repondo perdas – e a comida saudável, na mesa da família, vai baixar o preço. O estado de São Paulo vai deixar de ter a cesta básica mais cara do País”, agregou. Em julho, de acordo com o Dieese, o valor da cesta na cidade de São Paulo era de R$ 760,45. Em 12 meses, a inflação acumulada era de 18,7%.

A renúncia fiscal será “pequena”, conforme o ex-prefeito: “Aumentando o poder de compra de quem ganha pouco, você faz a roda da economia girar. Hoje, o que está travando o desenvolvimento em São Paulo e no Brasil é o baixo poder de compra das famílias, que estão muito endividadas”.

A proposta também foi levada ao ABC Paulista, uma das grandes bases operárias paulistas. No sábado (27), Haddad foi ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, e renovou seu compromisso. “Vou tirar o ICMS tanto da cesta básica como da carne”, reafirmou. “O povo quer comer carne, e é direito da população comer proteína. O litro de leite está mais caro que a gasolina.”

De acordo com estimativa da Rede Brasil Atual, “os produtos da cesta básica – como arroz, feijão, leite, café, açúcar, óleo de soja, dentre outros – pagam, em média, 7% de alíquota do imposto estadual”. Haddad afirma que São Paulo, por ser um grande produtor de alimentos, é capaz de “baratear a comida que chega à mesa do trabalhador”.

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