Cerca de 33 milhões de mulheres não escolheram candidato em 2018

A estimativa é feita pelo movimento ‘Elas que Decidem’; levantamento aponta ainda que o número de mulheres que votam nulo ou branco é maior que número de homens.

Foto: Eraldo Perez/AP

Um levantamento feito pelo movimento ‘Elas que Decidem’ estima que nas eleições presidenciais de 2018, cerca de 33 milhões de mulheres não escolheram nenhum candidato. Consideradas fundamentais no processo de decisão das eleições de outubro, as mulheres têm baixa adesão na escolha dos candidatos, no momento da votação. Dados estatísticos da Justiça Eleitoral mostram ainda que, ainda em 2018, 52,5% do eleitorado brasileiro era formado por mulheres. O equivalente a 77,3 milhões de eleitoras.

Este ano, mais uma vez, as mulheres são a maioria entre pessoas aptas a votar. Segundo levantamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 53% do eleitorado é feminino. Ou seja, serão 8,3 milhões de mulheres votantes (pouco mais de 82,3 milhões) a mais do que homens votantes (74 milhões). Além disso, 2022 marca também os 90 anos da conquista do voto feminino, aprovado no código eleitoral de 1932.

Levando em consideração que direito não reflete representatividade, a participação das mulheres nas lutas enfrenta muitos desafios e tem uma baixa adesão das mulheres na escolha dos candidatos. Além de serem a maioria do eleitorado do país, as mulheres também são responsáveis pela maioria das abstenções, e votos brancos e nulos declarados em pesquisas de intenção de voto para presidente da República. A mesma preponderância feminina é observada no grupo dos eleitores indecisos.

Segundo o estudo, dados do TSE mostram que, em 2018, 19,6% das mulheres se abstiveram. Porém, ao cruzar os dados com informações do Datafolha, é possível estimar que 43,3% das eleitoras não escolheram um candidato naquelas eleições. No total, cerca de 33 milhões de eleitoras não compareceram às urnas, ou votaram branco e nulo.

Outro apontamento de 2018 para presidente feito pelo CNI/Ibope, mostra que enquanto elas representam 52% do eleitorado nacional, eram também 58% da fatia dos que votam branco ou nulo e 55% entre os indecisos.

Naquela eleição, de acordo com o Datafolha, as mulheres de 16 a 24 anos representavam cerca de 8,4% do eleitorado. Na ocasião, eram 12,3 milhões de eleitoras e 27,9% delas não escolheu um candidato. Já as mulheres de 25 a 34 anos representavam cerca de 11% do eleitorado em 2018, o equivalente a 16 milhões de eleitoras sendo que 36% não escolheu um candidato. Se somam a esses números aquelas que não votaram, ou votaram branco e nulo.

Em termos regionais, as abstenções (de acordo o TSE) e a estimativa de brancos e nulos (segundo TSE e Datafolha) mostram que:

– Mulheres do Nordeste representavam cerca de 14,3% do eleitorado (Datafolha), chegando a 20,9 milhões de eleitoras. Mas estima-se que pouco menos da metade delas, ou 46,4% não escolheu um candidato.

– Mulheres do Sudeste representavam cerca de 23% do eleitorado (Datafolha), chegando a 33,8 milhões de eleitoras. Estima-se que 51,6% delas não escolheu um candidato.

Metodologia

O TSE não informa os perfis de votos brancos e nulos por gênero. Para se chegar ao número do levantamento, o movimento ‘Elas que decidem’ se baseou em dados do TSE e de intenção de votos do Datafolha em 2018, considerando como índice a não escolha de candidatos e as declarações de votos brancos, nulos e indecisos.

Ainda com base na pesquisa Datafolha (realizada de 26 a 27/10/2018), foi calculada a variação do índice de não escolha de candidato (votos brancos, nulos e indecisos). Aplicou-se essa variação no percentual de abstenção nacional oficial do TSE para estimar o número de pessoas dentro de cada perfil que não escolheram candidatos em 2018.

No caso de mulheres do Sudeste e Nordeste, foi aplicada a variação no percentual de abstenção oficial das regiões divulgado pelo TSE para obter a estimativa do número de mulheres que não escolheram candidatos em 2018 nessas regiões.

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Com informações de agências

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