Bolsonaro não atrai votos com o Sete de Setembro, dizem especialistas

Para Felipe Nunes, neste ano os eleitores estão mais convictos do voto, seja em Lula, seja em Bolsonaro.

A ampla visibilidade da agenda do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas celebrações dos 200 anos da Independência do Brasil não deve atrair votos à sua candidatura à reeleição. Na opinião de especialistas, embora Bolsonaro tenha transformado um evento cívico em palanque eleitoral, seu discurso foi voltado predominantemente à própria base e não “furou a bolha”.

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o presidente e candidato à reeleição sobreviveu, uma vez que, ao moderar o discurso, “não afastou o eleitorado médio”. Mesmo a forma preconceituosa como Bolsonaro se referiu às mulheres e a seu desempenho sexual não deve ter impacto eleitoral.

Meirelles afirma que “o machismo estrutural de Bolsonaro já foi naturalizado”, e parte de seu eleitorado feminino tem viés mais ideológico, como as evangélicas. Já as eleitoras indecisas têm outras preocupações. “O que essa mulher ainda sem voto definido não tolera é a fome e o discurso armamentista”, declarou Meirelles à Folha de S.Paulo.

Opinião semelhante tem o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest. Em entrevista à CNN, o especialista afirma que a ofensiva de Bolsonaro sobre o 7 de Setembro será inútil. “O eleitor se influencia cada vez menos por esse tipo de ato, de todos os lados”, disse.

De acordo com Nunes, neste ano os eleitores estão mais convictos do voto, seja no ex-presidente Lula, seja em Bolsonaro. “As pessoas estão indo para as urnas neste 2 de outubro, de maneira surpreendente, muito mais decididas que em eleições anteriores. A gente tem observado um efeito pequeno dos debates na campanha eleitoral”.

Bolsonaro, porém, procurou unificar o discurso de sua base. “Esse tipo de evento tem um efeito muito mais de ampliar o grau de mobilização, de expressividade e de engajamento do eleitor que já é do Bolsonaro do que ampliar essa base para outros setores”, diz Nunes. “O presidente está mobilizando e dando discurso aos seus aliados para que eles possam, aí, sim, nesses 20 dias, angariar mais apoio e mais voto. Mas o evento, em si, é muito mais para os convertidos.”

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