Indígena yanomami é assassinada após ataques a tiros em Roraima

Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou um comunicado classificando como “a sangue frio” e “crime de ódio” o ataque a tiros contra o grupo de indígenas

Imagem de yanomami da aldeia Xexena na rua (Emily Costa/Amazônia Real/2020)

Uma mulher yanomami, mãe de um bebê, morreu após ser atingida por dois disparos de arma de fogo feitos por dois homens, na última sexta-feira (11) por volta das 20h (horário de Brasília), que passaram pelo grupo de indígenas acampados na avenida Venezuela próximo a Feira do Produtor, no bairro São Vicente, na zona sul de Boa Vista (RR).

De acordo com o seite Amazônia Real, um indígena, não identificado, foi ferido nos braços e está internado no Hospital Geral de Roraima. O estado de saúde dele é estável. Em comunicado no sábado (12), a Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou um comunicado classificando como “a sangue frio” e “crime de ódio” o ataque a tiros contra o grupo de indígenas.

Os criminosos abandonaram a bicicleta e fugiram do local, segundo informou a Polícia Militar.  O caso foi registrado como homicídio no 3º Distrito Policial para investigação da Polícia Civil. Não há informações sobre os criminosos.

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“Depois que eles efetuaram os disparos, entraram na feira do produtor, abandonaram a bicicleta e fugiram”, diz uma testemunha à Amazônia Real.

No local do ataque, segundo o jornal Folha de Boa Vista, foram encontradas cápsulas de calibre 9 milímetros. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) esteve no local e atestou a morte da mulher yanomami. Em respeito à cultura, a HAY não divulgou o nome dela e nem da pessoa ferida.

“As autoridades precisam investigar com diligência os responsáveis pelos ataques e o que os motivou. A disposição em assassinar indígenas de passagem pela cidade, reunidos pacificamente em local público, configura crime de ódio e deve ser investigado como tal”, disse a nota da HAY, entidade dirigida por Dario Yanomami, filho do líder Davi Kopenawa.

rocurada pela reportagem, a Delegacia Geral de Homicídios de Roraima informou que no exame cadavérico da mulher yanomami consta que ela foi alvejada por disparo de arma de fogo na cabeça. A vítima não portava documento de identidade. O corpo se encontra na câmara do Instituto Médico Legal (IML). A reportagem não localizou funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) para se pronunciar sobre o ataque aos indígenas yanomami, em Boa Vista.

O Conselho indígena de Roraima (CIR) divulgou uma nota de repúdio “a mais esta violência contra a população indígena que sofre e vem sofrendo com inúmeras perdas desde crianças a mulheres e homens”. “Corroborando assim com a nota da HAY – Hutukara Associação Yanomami, pedindo uma investigação minuciosa sobre mais este caso, que não deverá e nem pode ficar impune, pois uma criança está órfã e uma família perde um de seus membros em um ato covarde e sem precedentes, novamente a um povo que saiu de suas terras devido ao contato forçado com invasores e garimpeiros onde perderam parte de suas terras, e sua Territorialide ancestral”.

A deputada federal Joenia Wapichana (REDE/RR), que está no Egito participando da COP27, se pronunciou em sua rede social dizendo que solicitou ao Ministério da Justiça, a Polícia Federal e ao Conselho de Direitos Humanos da Câmara Federal apuração e providências imediatas. “Não podemos normalizar a violência contra os povos indígenas e os Yanomami que, constantemente, estão sendo atacados. Basta de violência e morte!”.

Com informações da Amazônia Real

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