PP e Republicanos isolam PL. Bolsonaristas criticam Costa Neto

Ofensiva do PL pela anulação de parte de votos do segundo turno desagradou parte da militância bolsonarista

Valdemar Costa Neto. | Foto Adriano Machado

A decisão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de convocar uma coletiva nesta terça (22) para, mais uma vez, levantar dúvidas sobre o processo eleitoral e ainda pedir ao TSE a anulação dos votos de 279.336 urnas, gerou críticas por parte da base bolsonarista e pelos partidos que compuseram a coligação que apoiou o presidente Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com o levantamento feito pela Folha de S. Paulo, que acompanha grupos bolsonaristas nos aplicativos de mensagens, o entendimento é que ações sobre a fiscalização do processo eleitoral devem vir apenas das Forças Armadas.

Segundo a reportagem, Bolsonaristas criticaram ainda trecho da entrevista de Valdemar à imprensa que diz: “Como vamos conviver com o fantasma da eleição de 2022? Temos que solucionar isso e pedimos ao Tribunal Superior Eleitoral que decida a questão”, disse o presidente do PL na terça-feira (23).

Em áudio compartilhado nesses grupos, “um militante diz que o único processo válido que levaria a uma suposta vitória é o que segue o rito constitucional definido pelas Forças Armadas e que a interferência política do PL é inapropriada e cheira à tentativa de desestabilizar o procedimento articulado pelas ruas”, diz a Folha.

Além disso, “há o entendimento por parte da militância de que o PL deu poder ao TSE, que a população nas ruas estaria caminhando para um suposto desfecho com apoio das Forças Armadas e que esse relatório vai contra a estratégia da militância acampada, que cobra a divulgação do código-fonte das urnas.”, aponta outro trecho da matéria.  

Nesses mesmos grupos bolsonaristas, há ainda quem defenda que a ação do PL possui um plano B e que é melhor ter apoio do presidente do PL na causa de deslegitimar o resultado da eleição.

Após multa milionária, PP e Republicanos isolam PL

Horas depois do pronunciamento de Costa Neto, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, negou ação do PL que visava invalidar votos em parte das urnas no segundo turno e condenou a coligação de Bolsonaro, composta ainda pelos partidos Progressistas (PP) e Republicanos, ao pagamento de multa de quase R$ 23 milhões por litigância de má-fé.

Moraes também determinou o bloqueio dos fundos partidários das três legendas até o pagamento da penalidade imposta. A medida causou a indignação dos integrantes da coligação do candidato derrotado, que tentam agora se descolar do atual presidente na ação do PL.

Nesta quinta-feira (24), o presidente em exercício do PP, Cláudio Cajado (BA), afirmou que o partido entrará com recurso porque não autorizou o PL a contestar a eleição de 2022. “O Valdemar entrou em nome da Coligação, mas não tivemos nenhuma participação nesse processo, sequer fomos intimados ou citados”, disse o dirigente partidário em nota. “Como podemos ser penalizados?”.

Ao UOL, o presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), afirmou que não concorda com a decisão de Moraes e que recorrerá do bloqueio. “Não contestei resultado. Pelo contrário. Reconheci o resultado publicamente às 20h28 do dia da eleição”, ressaltou em mensagem no Twitter. Ele reclamou ainda que não foi consultado pelo PL. “Vamos recorrer dessa parte (bloqueio dos fundos). Não dei aval. Gostaria ao menos de ter sido consultado.”

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com informações de agências

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