Casagrande e jogadores ‘intocáveis’ do Penta entram em conflito

Casão critica falta de posicionamento de jogadores e ex-jogadores que vivem numa espécie de bolha; Marcos, Kaká e até Tiago Leifert acreditam que exista torcida contrária.

Foto: Redes Sociais W. Casagrande

Como falou Vinicius Júnior em coletiva nesta terça-feira (7): “Na folga posso fazer o que bem entender”. Não há o que dizer, realmente, desde que respeite o próximo e não cometa nenhuma ilegalidade, todos tem a liberdade para fazer o que quiserem.

E os jogadores da seleção realmente fazem o que querem: comem carne folheada a ouro, dificultam o pagamento de pensão aos seus filhos, entre outras polêmicas.

A bolha em que vivem os transforma em “intocáveis”, como aponta o ex-jogador e comentarista Walter Casagrande Júnior. Mas não só os atletas atuais. Os ex-atletas pentacampeões do Mundo, que acompanham os jogos nas tribunas dos estádios no Catar, também vivem nessa bolha – com o agravante de que são mais experientes e parecem ter aprendido pouco com o tempo.

Qualquer crítica feita à seleção brasileira é entendida como delito de lesa-pátria. Claramente, o expoente da Democracia Corinthiana e Diretas Já tem direcionado críticas contundentes a Neymar e outros jogadores.

Isto incomoda o ex-goleiro pentacampeão, Marcos. Assim como Casagrande incomodou Kaká quando falou que os ex-craques argentinos torcem no meio da torcida, enquanto os brasileiros ficam nas tribunas da Fifa.

A partir disso, Kaká publicou uma montagem, com a foto dos ex-jogadores na tribuna e a cara de Casagrande na foto, como ironia.

Já Marcos foi às redes sociais e postou uma foto de Neymar, após a vitória sobre a Coréia do Sul, com os dizeres: “Não precisamos dele não, precisamos do Walter Casagrande para o hexa”.

Kaká, Felipe Melo e o apresentador Tiago Leifert apoiaram a postagem.

Nesta terça-feira (7), em sua coluna no UOL, Casagrande respondeu as críticas.

Resposta de Casagrande

Na coluna, Casagrande reforçou as suas opiniões, destacou que os atletas que venceram o “Penta” têm méritos esportivos, mas que isso não os tornam “intocáveis” – como os próprios acham, com o respaldo de parcela da sociedade.

Casão aproveitou para lembrar que a união dos atletas para atacá-lo não se deu por motivos nobres, que realmente necessitavam de apoio conjunto. Ele citou exemplos de motivos que mereciam união, como: compra de vacinas, contra o desmatamento, pautas antirracistas, contra a homofobia e violência contra as mulheres. Ainda acrescentou a falta de posicionamento dos atletas sobre os direitos humanos no país sede da Copa, o Catar.

A mensagem de Casagrande foi direcionada principalmente para Rivaldo, Kaká e Marcos, bolsonaristas declarados. Também sobrou para Tiago Leifert, que se juntou aos atletas. Sobre ele, Casão chegou a dizer que o ex-apresentador do Big Brother, que tem atuado como narrador em jogos da Copa, utilizou a influência dentro da Globo para boicotá-lo e pedir a sua demissão.

O jornalista José Trajano utilizou as redes sociais para manifestar apoio a Casagrande: Nesta bola dividida estou com Walter Casagrande Júnior e não abro. Como ele mesmo diz: ‘Sou direto nas minhas opiniões e a grande maioria dos ex-jogadores são mimados e acostumados a serem paparicados, e comigo não tem essa.’ Sou totalmente independente, não devo favores a ninguém, principalmente do meio do futebol.’

Próximo jogo

O Brasil volta a entrar em campo contra a Croácia na sexta-feira (9), às 12 horas, pelas quartas de final. Até lá, as polêmicas devem aumentar.

Mas ao contrário do que jogadores e ex-jogadores pensam, as críticas feitas não visam criar um ambiente instável. Na verdade, acontecem para que reflitam sobre qual imagem passam para o resto da sociedade.

Além disso, as críticas esportivas devem ser utilizadas para que os jogadores avancem taticamente e como combustível para que superem os adversários, pois o objetivo pelo qual todos torcem é para que tragam o Hexa – sem privilégios a certos jogadores e com muitas dancinhas em campo.