Governo Bolsonaro quebrou o país que virou pária internacional

Dívida com organismo internacionais, falta de recursos para o programa governo digital e reajuste de servidores são alguns dos problemas

Coletiva sobre o diagnóstico do grupo de Planejamento (Reprodução do Twitter)

O diagnóstico do grupo de transição de Planejamento do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a situação do país chegou à seguinte conclusão: o Brasil não tem planejamento. O governo Bolsonaro destruiu o país ao “implementar uma política de inversão de valores que enfraqueceu a oferta de serviços à população e impediu a modernização da gestão pública.”

Integrantes do grupo concederam entrevista coletiva nesta terça-feira (6) em Brasília. Para se ter ideia, são 5 bilhões de dívidas com organismo internacionais e não tem recursos para continuar programas como o governo digital (gov.br) e conceder reajuste aos servidores públicos federais que estão há sete anos sem aumento. O pior: não tem previsão orçamentária para resolver esses problemas.

“O diagnóstico que vai ficando claro para o governo de transição é que governo Bolsonaro quebrou o Estado brasileiro. Serviços essenciais ou já estão paralisados ou correm grande risco de serem totalmente comprometidos”, criticou o coordenador dos Grupos Técnicos, o ex-ministro Aloizio Mercadante.

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De acordo com ele, a política externa do governo transformou o país num pária que deve R$ 5 bilhões para organismos internacionais. “Isso significa que o país será excluído desses fóruns. Não tem direito a voto, não tem direito a participação. É uma dívida pesada que também não tem previsão orçamentária para o ano que vem”, lamentou.

O diretor da Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais da PUC de São Paulo, Antônio Correia de Lacerda, diz que o Brasil está inadimplente junto a órgãos internacionais (ONU, OMC, OIT e outros, incluindo na área ambiental) e isso significa que o país perde a interlocução com o mundo.

“Isso vai na contramão de um processo de inserção internacional. Resgatar essa função é determinante. A participação do Brasil nesses órgãos internacionais é muito importante para essa nova visão do Estado, visão do planejamento e o próprio desenvolvimento nacional”, observou o diretor, que é um dos coordenadores do grupo.

A economista Esther Dweck (Foto: Marcelo Camargo, Agência Brasil )

Outra coordenadora do grupo, a economista Esther Dweck, diz que há risco de interrupção dos serviços do governo digital por meio do gov.br. O programa necessita de R$ 60 milhões que também não estão previstos no orçamento.

“Todo mundo conhece o gov.br. Quase todos os brasileiros têm acesso ao sistema de alguma forma, seja pelo E-social, ConectSUS, uma série de serviços que são prestados à população nessa área, e o orçamento não acompanhou a demanda crescente por esses serviços. A demanda de 2022 para 2023 é de aumento de mais de R$ 60 milhões e isso não foi acompanhado”, disse a economista.

Ela apontou outro problema grave que é a falta de reajuste nos salários dos servidores públicos federais. A categoria, que está há sete anos sem aumento, quer uma nova proposta de reforma administrativa que substitua a PEC 32 que se encontra parada no Congresso.

“Os servidores querem o início de uma discussão do que seria a reforma administrativa para o funcionamento do Estado (…) São pleitos importantes diante da falta de diálogo e de desmerecimento do servidor e precarizando o serviço público e atrapalhando o atendimento da população”, observou.

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