Principais parceiros comerciais, Lula visitará Argentina, China e EUA

Futuro chanceler, Mauro Vieira, indicou que presidente eleito irá visitar os países nos primeiros meses de governo; prioridade é retomar protagonismo e aprofundar laços com América Latina, África e União Europeia.

Foto: Ricardo Stuckert/Presidência

Em coletiva de imprensa na quarta-feira (14), o futuro ministro das Relações Exteriores do governo Lula (PT), Mauro Vieira, indicou que a orientação principal do presidente eleito é trazer o Brasil de volta à cena internacional.

Por isso, logo nos primeiros meses de mandato, Lula irá realizar viagens oficiais à Argentina, aos Estados Unidos e China.

Outra estratégia para devolver o status de liderança mundial ao país, que ficou no ostracismo com Bolsonaro (PL), é fortalecer os laços com os demais países latino-americanos, estreitar o relacionamento com a África, reconstruir pontes com os países que serão visitados, assim como estimular acordos com a União Europeia.

Nesse ponto, a eleição de Lula deve ser fundamental para destravar o acordo entre Mercosul e União Europeia que permitirá um incremento de US$ 87,5 bilhões no PIB brasileiro, em 15 anos, e investimentos na casa dos US$ 113 bilhões, de acordo com Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Parceiros comerciais

Qual gestor em sã consciência destrataria o seu principal parceiro comercial? Pois bem, no surrealismo brasileiro vivido nos últimos quatro anos, Bolsonaro, por inúmeras vezes, insultou a China, principal parceiro do Brasil. O ex-capitão chegou a dizer que a pandemia de covid-19 seria parte de uma guerra biológica travada pelo país asiático.

Por puro preconceito, Bolsonaro foi minando o relacionamento com os chineses.

Ainda que as suas falas possam não ter se materializado em quedas nos números, também não ajudaram em nada para que fossem ampliados.

Nesse meio tempo, o Brasil chegou a ver a própria China ocupar o espaço como principal parceira comercial da Argentina, lugar historicamente brasileiro. O posto foi retomado em 2022, mas ficou o alerta.

Como ainda ocorre, Bolsonaro fez questão de minar qualquer diplomacia com o país vizinho desde quando Alberto Fernández assumiu como presidente no final de 2019. O argentino sempre foi vinculado como parte da esquerda latino-americana e próximo a Lula – inclusive foi um dos primeiros a visitá-lo no Brasil após derrotar Bolsonaro.

Quanto aos Estados Unidos, o ex-capitão (em breve ex-presidente) fundamentou a sua estratégia de relações internacionais na subserviência ao então presidente Donald Trump. Chegou até a prestar continência à bandeira estadunidense. Mas com a derrota do Republicano Trump para o Democrata Joe Biden, o isolamento internacional que o Brasil se enfiou pelas decisões do governo federal foi ampliado.

A situação ficou ainda mais clara com a efusiva recepção da comunidade internacional à vitória de Lula, até mesmo por parte de Biden.

De acordo com dados do Ministério da Economia, divulgados no início do ano, com base em 2021, os principais parceiros econômicos do Brasil (tanto nas exportações, quanto nas importações) são: China, Estados Unidos e Argentina – nessa ordem (para o cálculo os países da União Europeia são considerados individualmente).

Exportações brasileiras:

  1. China: US$ 87,696 bilhões (31,28%);
  2. Estados Unidos: US$ 31,104 bilhões (11,09%);
  3. Argentina: US$ 11,881 bilhões (4,24%).

Importações brasileiras:

  1. China: US$ 47,651 bilhões (21,72%);
  2. Estados Unidos: US$ 39,382 bilhões (17,95%);
  3. Argentina: US$ 11,948 bilhões (5,45%).

Não à toa, os países são os citados pelo futuro chanceler como prioritários para receberem a visita oficial do presidente eleito.

Como é possível atestar, Lula já alinhava a retomada brasileira, econômica e diplomática, com a destreza de quem não desdenha, pelo contrário, sabe valorizar, os principais parceiros do país. E mais do que isso: de quem trata o povo brasileiro como prioridade.