Simone Tebet será ministra do Planejamento e Orçamento

Emedebista cumpriu papel importante na campanha do segundo turno, defendendo pautas feministas e confrontando Bolsonaro.

Simone Tebet em foto do anúncio de sua nomeação ao Ministério do Planejamento.

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) ficou em terceiro lugar na disputa presidencial e contribuiu no segundo turno para a vitória de Lula. Agora, vai assumir o Ministério do Planejamento e Orçamento do governo que assume em 1º. de janeiro. O Ministério do Planejamento tem o papel de acompanhamento das ações do governo, de participar do comitê gestor de programas prioritários do governo, como Minha Casa, Minha Vida, Bolsa Família e outras marcas coordenados pela Casa Civil.

Segundo dito pela senadora em entrevistas, o organograma do Ministério que lhe foi apresentado prevê que o Planejamento participe do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), inclusive do comitê gestor, mas que a coordenação permaneça com a Casa Civil. No organograma do Ministério também estarão o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Além disso, também estará sob sua responsabilidade a área de relações internacionais com bancos de desenvolvimento, que abrangeria, por exemplo, indicação para o conselho do FMI (Fundo Monetário Internacional).

As diferenças econômicas entre Simone e Fernando Haddad, anunciado Ministro da Fazenda, foram um impasse superado na definição. Com perfil mais liberal, Simone alegou que teria divergência com o perfil desenvolvimentista de Haddad. No anúncio, ela foi a única a fazer questão de ser fotografada ao lado de Lula, mas também de Haddad.

Em reunião com Lula, a futura ministra teria dito que “trabalhará junto” de Haddad. “Não vai ter nenhum tipo de exposição. Vamos resolver juntos os problemas”, afirmou ela ao presidente eleito. Ao que Lula respondeu: “Sei das diferenças de visão sobre a economia e isso pra mim não é um problema. Sei que você é equilibrada e qualquer divergência eu decido”.

Haddad, por sua vez, disse esta semana que Simone é “uma política muito qualificada, uma pessoa que sabe trabalhar em equipe, que estava concorrendo à Presidência da República e tem muita respeitabilidade”. “Eu não vejo nenhuma dificuldade em relação a isso”, concluiu.

Trajetória

Simone Nasser Tebet, 52, é advogada e professora especialista em Direito do Estado, vindo de uma família de origem libanesa influente no Mato Grosso do Sul. Seu pai foi Ramez Tebet, senador e ex-presidente do Congresso Nacional, falecido em 2006.

É política há vinte anos, tendo sido deputada estadual, prefeita de Três Lagoas (MS) por duas vezes e vice-governadora. Em Três Lagoas teve a gestão marcada pela forte industrialização da cidade. Após a vitória de Lula, foi anunciada para compor a área de desenvolvimento social do grupo de transição.

Durante seus primeiros anos no Senado Federal, Simone figurou como representante da bancada ruralista e intercessora do agronegócio. Um dos principais projetos defendidos por ela trata da suspensão das demarcações de terras indígenas e pagamento de indenizações para fazendeiros. Ela tem uma fazenda em Caarapó (MS). Eduardo Rocha, marido de Simone e deputado estadual, foi atuante numa Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o Cimi (Conselho Indigenista Missionário). A instituição ligada à igreja Católica é considerada uma das maiores defensoras dos povos indígenas no Brasil. O relatório da CPI não conseguiu mostrar provas contra o Cimi e acabou arquivado pela Justiça.

Simone destacou-se no Senado, sendo a primeira mulher a comandar comissões importantes da Casa. Ela chegou a disputar a Presidência da Casa algumas vezes. Em 2021, ficou em segundo lugar na disputa com Rodrigo Pacheco.

Em 2021, conquistou visibilidade nacional ao integrar a CPI da Covid-19 e fazer duras críticas ao governo Jair Bolsonaro acerca da condução da pandemia no país, o que resultou em um distanciamento de sua base política conservadora.

Tebet foi candidata à Presidência do Brasil nas eleições de 2022, em que apresentou uma campanha centrista e social liberal, na chamada “terceira via”. Ficou em 3º lugar no primeiro turno, com 4,16% dos votos, superando Ciro Gomes (PDT). Seu partido sofreu um racha com várias lideranças preferindo apoiar a eleição de Lula, desde o primeiro turno.

Em seu programa de governo registrado, a candidata propunha programa permanente de renda mínima, reformas tributária e administrativa e tolerância zero com o desmatamento ilegal.

Em agosto de 2016, votou a favor do processo de impeachment de Dilma Rousseff e a favor do mandato de Aécio Neves, ameaçado por acusação de ter pedido propina de R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Em dezembro daquele mesmo ano, votou a favor da PEC do Teto dos Gastos Públicos. Em julho de 2017, a senadora votou a favor da reforma trabalhista. Em junho de 2019, votou contra o Decreto das Armas do governo Bolsonaro, que flexibilizava porte e posse para o cidadão.