Torres continua preso e deve depor sobre atos golpista nesta semana

Ex-ministro de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do DF deve esclarecer a suposta omissão e conivência com os atos golpistas na Praça dos Três Poderes

(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal (DF) Anderson Torres deve depor ainda nesta semana para esclarecer a suposta omissão e conivência dele com os atos golpistas do domingo (8), em Brasília, e sobre o documento encontrado na sua residência chamado de “minuta do golpe”.

O depoimento será marcado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A prisão dele foi mantida em audiência virtual de custódia no sábado (14) pelo juiz Airton Vieira, instrutor de Moraes.

Torres foi preso no mesmo dia ao desembarcar na capital federal vindo dos Estados Unidos. O juiz considerou que a detenção, determinada pelo STF a pedido da Polícia Federal (PF) e da Advocacia-Geral da União (AGU), foi legal e não houve a violação dos direitos do preso.

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O ex-ministro é considerado um arquivo vivo, pois se encontra juridicamente numa situação muito delicada e, caso resolva falar, pode comprometer Bolsonaro. De acordo com o que já foi apurado, ele estaria se sentindo abandonado pelo ex-presidente, o que pode resultar numa delação.

Depois dos atos golpistas na Praça dos Três Poderes, a PF encontrou na casa do ex-ministro um documento pelo qual permitiria Bolsonaro mudar o resultado das eleições presidenciais de 2022. A chamada minuta do golpe permitiria decretar Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), medida anticonstitucional.

Local onde Torres se encontra preso (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

Repercussão

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a prisão de Torres foi exemplar. “Com serenidade e dentro da legalidade, para o bem do país, os agentes que concorreram para a tentativa de golpe devem ser processados e punidos. Sem perseguição, mas com firmeza”, defendeu.

Sobre a minuta do golpe, o deputado disse que se trata de uma “prova cabal de que Bolsonaro tentou dar um golpe de Estado! Lugar de golpista é na cadeia!”.

“A casa caiu para Anderson Torres, que foi preso ao desembarcar em Brasília. Que todos os outros envolvidos tenham o mesmo fim!”, escreveu o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) em uma rede social.

Em seu perfil no Twitter, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) observou que o cerco está se fechando “contra os que cometeram crimes”. “Com a prisão de Anderson Torres, mais informações devem fortalecer o elo de Bolsonaro e núcleo duro do governo na trama contra a democracia”, avaliou.

Sobre a minuta do golpe, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comentou: “Bolsonaro, Anderson e toda a corja armaram para impedir a posse do Lula e reverter o resultado eleitoral. A PF apreendeu provas suficientes na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro. Vão ter que responder por mais esse crime contra o estado brasileiro e nossa Democracia”.

“A prisão de Anderson Torres foi mais um recado àqueles que passaram os últimos quatro anos desrespeitando a lei e conspirando contra o país. Agora não cabe desculpas, cabe responsabilização. O Brasil está dizendo ao mundo que não dará espaço para o golpismo”, afirmou o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

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