Após acordo, Carrefour pagará 883 bolsas a pessoas negras 

Termo de ajustamento do conduta busca reparar danos morais coletivos pela morte de João Alberto Silveira Freitas, espancado por seguranças da rede em Porto Alegre

Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas

O Carrefour pagará 883 bolsas a estudantes negros, no total de R$ 68 milhões, após termo de ajustamento do conduta fechado entre a multinacional, os Ministérios Públicos Federal e do Rio Grande do Sul e as Defensorias do estado e da União. O acordo busca reparar os danos morais coletivos resultantes da morte João Alberto Silveira Freitas, espancado por dois seguranças do supermercado em Porto Alegre em 2020. 

“Aquele ato se concretizou justamente porque era uma pessoa negra. Se fosse um homem branco, ele não seria tratado daquela forma. E esse caso é emblemático justamente porque se reconheceu, e se reconhece, que, naquela circunstância, houve um ato de discriminação racial, que provocou a morte, baseado na ideia de racismo estrutural e institucional. Não há um ato expresso de racismo, mas ele ocorreu porque era uma pessoa negra”, disse à Agência Brasil o procurador regional dos Direitos do Cidadão no Rio Grande do Sul, Enrico de Freitas.

Do total de bolsas, 305 são para graduação, 223 para especialização, 304 para mestrado e 51 para doutorado, em instituições públicas e privadas. O Rio Grande do Sul recebeu o maior número de bolsas, mais de 260, seguido por Minas Gerais, com 105, e Rio de Janeiro, com 96.

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O foco são as áreas que registram menor representatividade da população negra, tais como administração, arquitetura e urbanismo, ciências biológicas, ciências da computação, comunicação, direito, economia, engenharia, medicina e odontologia. A lista dos contemplados consta no site do Cebraspe, responsável por aplicar provas e concursos. 

A rede vai desembolsar, ao todo, R$ 115 milhões em programas educacionais e de geração de renda para a população negra. 

O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, que era negro e tinha 40 anos, aconteceu em uma unidade do Carrefour na zona norte da capital gaúcha, no dia 19 de novembro, véspera do dia da Consciência Negra. Ele fazia compras com sua esposa quando foi abordado e na sequência espancado por dois seguranças. 

O caso, mais um a demonstrar o forte racismo que permeia a sociedade brasileira, gerou uma série de protestos em Porto Alegre e outras cidades do país. 

Com informações da Agência Brasil

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