Florianópolis ganha inédita biblioteca dedicada a autores negros

Com inauguração prevista para 25 de julho, espaço do Centro Cultural Escrava Anastácia sai do papel para ser referência da literatura afrodescendente em SC

Biblioteca vai ficar na sede do CCEA, no Balneário do Estreito | Foto: CCEA/Facebook

Florianópolis terá a primeira biblioteca comunitária de Santa Catarina, e uma das únicas do Brasil, composta por acervo exclusivo de autores e autoras negras, informou o Ministério Público do Trabalho (MPT) nesta terça-feira (21).

Construída dentro do Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA), a área de aproximadamente 50m² vai abrigar o espaço idealizado para beneficiar diretamente 230 jovens entre 14 e 24 anos de idade, atendidos nos programas Rito de Passagem e Jovem Aprendiz. A inauguração está prevista para 25 de julho, Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

Segundo o MPT, o projeto tem como objetivo valorizar a literatura e a cultura afro-brasileira, visando impactar não só a comunidade local, mas também pessoas de outras regiões e estados. O local também será palco de apresentações e lançamentos de obras, além de outras atividades relacionadas à valorização da cultura literária afrodescendente brasileira.

O Procurador do Trabalho, Luciano Carlesso, acredita que a iniciativa do CCEA na concretização da biblioteca, é dar oportunidades não apenas para valorizar, incentivar e resgatar a cultura afrodescendente, mas “possibilitar a ação e reflexão no enfrentamento do racismo, opressão e exclusões existentes em nossa sociedade, já que por meio de atuações culturais se alcança o engajamento na luta contra os privilégios da branquitude, pois o que precisamos é dar voz e vez à população negra em todos os espaços, formas e setores da sociedade”.

O projeto da biblioteca tem custo estimado em R$ 140 mil e conta com recursos viabilizados pelo MTP-SC, que já repassou R$ 50 mil para primeira etapa da obra. Ela envolve reforma da sala, a aquisição do mobiliário e acessórios para a recepção, equipamentos e estrutura audiovisual e galeria, construção dos banheiros e lavanderia.

A doação marca o Dia 21 de março – Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial. Faltam ainda os recursos para completar os custos com a obra física e mais R$ 60 mil para a aquisição do acervo de livros que vão encher o espaço e que o MPT-SC espera repassar em breve.

Mário Barbosa, presidente do CCEA, disse que o projeto da biblioteca pretende demonstrar que o enfrentamento ao racismo e a discriminação racial depende fundamentalmente de ações práticas que envolvam a sociedade, os indivíduos, as estruturas estatais e o setor econômico. “E a parceria com o MPT, na pessoa do Dr. Carlesso, reforça a importância dessas ações concretas”, comemora.

__
com informações do MPT-SC

Autor