Lula e as reações internacionais: É preciso estar atento e forte

Mais: EUA – Biden e DeSantis confirmam candidaturas / Jamaica fará referendo para deixar monarquia / Impunidade impera nos crimes racistas nos EUA, entre outras notas.

Como já era esperado, as reações às corretas posições do governo brasileiro sobre o conflito na Ucrânia (defesa de negociações de paz sem pré-condições e não adesão ao discurso unilateral anti-Rússia) vieram de onde já se sabia que viriam, secundadas pela mídia hegemônica brasileira, historicamente servil aos ditames de Washington. John Kirby, coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, disse que a postura do presidente Lula sobre a Guerra da Ucrânia é uma “repetição automática da propaganda russa e chinesa”. O porta-voz para Assuntos Externos da União Europeia, Peter Stano, também rebateu as falas do presidente brasileiro sobre o conflito, enfatizando que a Rússia é a “única responsável”. A Folha de S. Paulo publicou a opinião de George O. Liber, professor de história da Universidade do Alabama e “especialista em Ucrânia”, segundo o qual “ao apoiar o plano da China e aceitar a narrativa chinesa, a imparcialidade de Lula foi colocada em questão”. O “imparcial” professor estadunidense, defende, nas páginas da “imparcial” Folha de S. Paulo, que seu país e a União Europeia continuem mandando dinheiro e armas para a Ucrânia. Persistir no caminho correto em política externa sempre comporta riscos, como nos provam abundantes exemplos históricos. A partir do momento em que a linha da política externa do 3º governo Lula vai ganhando contornos mais nítidos: a favor da integração solidária e soberana da América Latina e fortalecendo a luta em defesa de um mundo multipolar, as declarações públicas vindas do império e dos seus porta-vozes externos e internos são a parte visível e menos perigosa do problema. O perigo reside no que não se sabe. São os movimentos subterrâneos, entre eles o da guerra híbrida, a sabotagem econômica, entre outros recursos. Como diz a canção: é preciso estar atento e forte.

EUA: Biden e DeSantis confirmam candidaturas

O presidente dos EUA, Joe Biden, antes de deixar a Irlanda na última sexta-feira (14), disse a repórteres que tomou a decisão de concorrer a um segundo mandato e em breve fará um anúncio formal de campanha. Já o governador da Flórida, o ultra-conservador Ron DeSantis, tentará vencer as primárias republicanas para concorrer às eleições presidenciais de 2024, conforme noticiado na mídia estadunidense e confirmado pelo site oficial da Comissão Eleitoral Federal. A governadora de Dakota do Sul, Kristi Lynn Noem, será sua companheira de chapa e concorrerá à vice-presidência. DeSantis enfrentará Donald Trump nas primárias. A mídia local informa que na Flórida existe uma lei que impede que um funcionário em exercício concorra a outro cargo, porém, até o momento, DeSantis não anunciou quando renunciará ao cargo de governador.

EUA: As características da campanha presidencial de 2024, segundo os democratas

Trump, Biden, DeSantis, três dos concorrentes já anunciados

O colunista do New York Times, Charles M. Blow, cuja coluna é reproduzida no Brasil pela Folha de S. Paulo, ouviu veteranos estrategistas do Partido Democrata sobre quais seriam as características iniciais da campanha presidencial de 2024. Destaco algumas das opiniões: a candidatura Biden é forte, ainda mais com o baixo índice de desemprego, apesar da alta da inflação, mas o importante será a percepção dos eleitores perto da eleição; a idade de Biden (terá 81 anos em 2024) é um problema significativo a ser superado e esta é uma das razões pelas quais os democratas preferem que Trump, que terá 77 anos, seja o candidato republicano;  os problemas legais de Trump o ajudarão nas primárias republicanas, mas o enfraquecerão nas eleições gerais; a polarização política do país faz com que exista um número cada vez menor de eleitores e distritos indecisos.

Jamaica fará referendo para deixar monarquia britânica

A agência EFE informa que a Ministra de Assuntos Jurídicos e Constitucionais da Jamaica, Marlene Malahoo Forte, informou neste sábado (15) que o Comitê de Reforma Constitucional chegou a um acordo sobre a transformação do país em Estado republicano e o rompimento dos laços com a monarquia britânica, caso assim seja aprovado em referendo. “Uma vez que tenhamos abolido a Monarquia Constitucional da composição de nossa forma de governo, ela será substituída pela República da Jamaica“, destacou a ministra, declarando ainda que será estabelecido um cargo de Presidente da República da Jamaica e outro de Chefe de Governo da Jamaica. Atualmente, o Chefe de Estado da Jamaica é o Rei da Inglaterra, Charles III. O país foi colônia do Império Britânico até 1962, quando se tornou uma monarquia constitucional da Commonwealth, a comunidade de países que faziam parte do império. Várias ex-colônias britânicas do Caribe expressaram sua intenção de deixar de ser monarquias constitucionais para se tornarem repúblicas, após o exemplo de Barbados, que deu o passo em novembro de 2021.

EUA: Impunidade impera nos crimes racistas

Jayland Walker, assassinado com 46 tiros por policiais que sequer responderão a processo

Em junho de 2022, na cidade de Akron, policiais tentaram prender Jayland Walker, um homem negro que tinha 25 anos, devido a uma infração de trânsito. Após uma perseguição de carro que durou vários minutos, Walker, desarmado, saltou do veículo e tentou fugir a pé. Foi atingido por 46 tiros e morreu. Os oito policiais assassinos não serão indiciados criminalmente, anunciou o procurador-geral de Ohio, nesta segunda-feira (17). A decisão foi tomada por um grande júri formado por nove pessoas, sete brancas e duas negras. Uma advogada da família Walker, Paige White, afirmou que a promotoria conduziu o caso de forma favorável aos policiais. Um adolescente negro de 16 anos, Ralph Yarl, morador de Kansas City, foi enviado pela família para buscar os irmãos gêmeos mais novos que estavam na casa de um amigo na vizinhança. Por engano, o jovem tocou a campainha da casa errada. Só isso: tocou a campainha. Em resposta, o morador, branco, disparou dois tiros que atingiram Ralph, um deles na cabeça. O rapaz foi hospitalizado e recebeu alta no domingo (16). O agressor, de 84 anos, chegou a ser detido por 24 horas, mas acabou liberado sem acusações. Diante da repercussão do caso, um promotor declarou ter expedido um mandado de prisão. Até este último domingo o mandato não tinha sido cumprido.

Cúpula de Bogotá reativará o diálogo entre o governo e a oposição venezuelana

Bogotá sediará, na próxima semana, uma cúpula de alto nível para reativar os diálogos entre o governo da Venezuela e a oposição política do país vizinho, e que não avançaram no México. A informação foi confirmada nesta segunda-feira pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ao final de seu discurso no Fórum sobre Questões Indígenas, liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em sua sede em Nova York. O encontro terá a presença confirmada de chanceleres e autoridades de países como Estados Unidos, nações do continente e União Europeia, a fim de buscar uma saída para a crise política venezuelana. “Esta cúpula de chanceleres de governos europeus, dos Estados Unidos, de países latino-americanos, em busca de destravar as negociações realizadas pela Venezuela, Estados Unidos, México e Noruega tem como objetivo que não haja sanções e que haja muito mais democracia. Mais democracia, zero sanções, é o objetivo da conferência de Bogotá”, destacou Petro. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apoiou publicamente a realização do encontro e anunciou o envio de uma delegação oficial do governo.

Presidente da Síria, Bashar Al-Assad, recebe chanceler saudita

Presidente Bashar al-Assad recebe o chanceler da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan

A agência SANA informa que o presidente Bashar Al-Assad recebeu nesta terça-feira (18) o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal Ben Farhan. É a primeira visita à Síria de um oficial saudita desde o início da guerra imposta em 2011. Esta visita acontece uma semana depois de o ministro das Relações Exteriores, Faisal Al-Mekdad, concluir uma visita de trabalho à Arábia Saudita, considerada a primeira do gênero por um alto funcionário sírio a esta nação do Golfo desde o início da guerra no país em 2011 e o colapso das relações bilaterais em 2012. Durante esta recente visita, Damasco e Riad anunciaram em um comunicado de imprensa conjunto a retomada dos serviços consulares e voos entre os dois países. Eles também concordaram com a importância de resolver as dificuldades humanitárias e propiciar um ambiente adequado para que a ajuda chegue a todas as áreas da Síria, criando condições necessárias para o retorno dos refugiados sírios.

Cuba comemora proclamação do caráter socialista da Revolução

Cuba celebrou, neste domingo, o 62º aniversário da proclamação do caráter socialista de sua Revolução, com um ato político-cultural chefiado pelo presidente Miguel Díaz-Canel. Na esquina das ruas 23 e 12 da capital, onde ocorreu a declaração em 1961 do líder histórico da Revolução, Fidel Castro, membros do governo, do Estado, do Partido Comunista de Cuba (PCC), organizações políticas e de massa e a população relembraram o histórico acontecimento. Após o ato comemorativo, o presidente Díaz-Canel publicou, em seu perfil no Twitter: “Hoje recordamos o dia heroico em que Fidel, junto com nosso povo, proclamou o caráter socialista da Revolução. A 90 milhas do império, aqui continuamos!”.

Facções rivais no Sudão ignoram acordo de cessar-fogo

Área destruída pelo conflito em Cartum, no Sudão / Foto: AFP

As facções rivais que disputam o poder no Sudão ignoraram tentativas de impor um cessar fogo e descumpriram um acordo que previa uma trégua humanitária, em meio à escalada da violência no país africano que já matou quase 200 pessoas. Confrontos entre o Exército sudanês e o poderoso grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) já deixaram ao menos 185 mortos e mais de 1,8 mil feridos, informou nesta segunda-feira o chefe da missão da ONU no país, Volker Perthes. Moradores da capital, Cartum, relataram uma série de ataques aéreos na cidade, além de disparos de artilharia e tiroteios. “Os dois lados do conflito não dão a impressão de que desejam uma intermediação imediata para a paz“, relatou Perthes, em Cartum. Ele disse que as duas partes haviam acertado a trégua humanitária de três horas de duração, mas que, apesar das promessas, as tentativas foram ignoradas pelo segundo dia consecutivo. O líder do Exército, o general Abdel Fatah al Burhan, chefiou uma junta que governou o país após a queda do autocrata Omar al-Bashir, em 2019, e se manteve no poder com um golpe de Estado em 2021. Informações da agência DW via Brasil de Fato.

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