Eron Bezerra será subsecretário da Amazônia na pasta da Ciência e Tecnologia

“A gente precisa encontrar soluções para os povos originários e para as comunidades tradicionais”, disse a ministra Luciana Santos

Ex-deputado Eron Bezerra (Foto: Richard Silva/PCdoB na Câmara)

Ex-deputado estadual e federal pelo PCdoB, o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) Eron Bezerra será subsecretário para Amazônia no Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

A criação da Subsecretaria de Ciência e Tecnologia para Amazônia foi apresentada pela ministra Luciana Santos como uma das inovações da pasta.

“A gente precisa encontrar soluções para os povos originários e para as comunidades tradicionais criando condições para alavancar o desenvolvimento da região. Nós convidamos o Eron Bezerra para assumir essa responsabilidade”, revelou a ministra.

O professor ainda será o representante da pasta no Conselho de Administração da Suframa (CAS) e no Fundo Amazônia, programa voltado para o desenvolvimento de projetos sustentáveis na região.

Leia mais: Lula se esforçará para recompor verbas do Ministério da Ciência e Tecnologia

A nova estrutura pode contar com recursos da ordem de R$ 4 bilhões, levando em conta que terá verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Principal instrumento de financiamento da ciência no país, o FNDCT contará com um orçamento este ano de R$ 9,9 bilhões.

Engenheiro agrônomo e doutor em ciências do ambiente e sustentabilidade na Amazônia, o pesquisador diz que vai orientar o trabalho da nova subsecretaria em três eixos: ciência e tecnologia, desenvolvimento da cadeia da sociobiodiversidade (economia verde) e formação de recursos humanos.

Para planejar o trabalho, o subsecretário pretende realizar quatro seminários no Amazonas, Acre, Pará e Maranhão.

“A ideia é colher informações diante da linha geral que a gente pensa implementar na Amazônia”, explicou ao Portal Vermelho.

Ciência e tecnologia

Na área da ciência e tecnologia, o professor deu como exemplo a produção de açaí na região.

“Trata-se de uma cultura sazonal que só produz numa época do ano. Para eu explorar isso em escala industrial, preciso desenvolver variedades que produzem o ano inteiro. Por exemplo, tem de ter um edital de pesquisa para resolver esse problema”, explicou.

O subsecretário diz que há um déficit de pesquisadores em relação a outras regiões, mas há muitos doutores nas universidades e centros de pesquisas que precisam estar direcionados para a linha geral e estratégica do ministério e do governo Lula.

Por isso, ele já está conversando com o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ricardo Galvão, para que os futuros editais de pesquisas contemplem essa política.

Economia verde

Na área da economia verde, ele diz que é preciso trabalhar para a “adensar cadeia produtiva e verticalizar a produção”.

“Dei alguns exemplos [a ministra] como a fábrica de bacalhau. Ao invés de vender o peixe in natura você processa a matéria,  dar valor e verticaliza a produção. Isso pode valer para o açaí, cupuaçu e produtos não madeireiros”, explicou.

Recursos humanos

Ele explicou que a experiência como ex-secretário de produção rural lhe trouxe o dilema da gestão de empreendimento.

“Há pouca experiência da população para gerir uma empresa, uma agroindústria ou uma cooperativa. Então nós temos de formar gente na própria localidade. Se não a chamada cadeia da sociobidiversidade não vai dar em nada, porque esse pessoal não terá capacidade para gerir [os negócios]”, explicou.

Matriz energética

Eron diz que a ministra está otimista com outro projeto que é a mudança da matriz energética na região, que vai passar também por conversas com o Ministério de Minas e Energia.

A ideia, segundo ele, é que em cada estado da região seja escolhida uma cidade como piloto para instalar usinas solares.  

“A Amazônia não tem potencial eólico, há pouco vento e ele não é direcional. A gente tem problemas com as hidrelétricas por causa das grandes inundações. Então a ênfase é na energia solar, por acaso eu trabalho com isso”, disse.

Ele argumentou que as vantagens são muitas. Na área ambiental, cada mil kilowatts (kW) de energia solar equivale a 1,2 toneladas de dióxido de carbono (CO²) sequestrado. Também representa 55 arvores plantadas.

Além da questão ambiental, tem a eliminação do transporte do óleo diesel e a redução no preço das tarifas.

“Mandar óleo diesel para São Gabriel da Cachoeira, Atalaia do Norte ou Boca do Acre [municípios amazonenses] é mais caro que o próprio óleo, uma estupidez.  Preciso de uma política que eu posso colocar energia no local onde tenho sol à vontade”, considerou.

Autor