Após ataques, governo reforça ações contra garimpo ilegal em terra Yanomami

Um indígena foi morto e outros dois ficaram feridos na TI Yanomami, no estado de Roraima. Governo envia comitiva para avaliar situação e reforçar medidas de desintrusão

Área de garimpo ilegal em terra indígena. Foto: MMA

Em meio a novos episódios envolvendo a violência de grupos criminosos e o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, o governo federal enviou comitiva ao estado de Roraima nesta segunda-feira (1º), composta, entre outras autoridades federais, pelas ministras dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, da Saúde, Nísia Trindade, e do Meio Ambiente, Marina Silva. O objetivo é reforçar “ações de desintrusão de criminosos”, conforme informou a ministra Sonia. 

No sábado (29), três yanomami foram baleados em Uxiu – uma das vítimas, um agente de saúde que atuava na comunidade, morreu no local e dois foram internados. O ataque teria sido efetuado por garimpeiros, de acordo com o Ministério dos Povos Indígenas. Já no domingo (30), quatro garimpeiros ilegais morreram em troca de tiros com agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama em Uiaiacás. 

Segundo informou o Ministério do Meio Ambiente, o ataque deste domingo é o quarto contra equipes do Ibama desde o início da retomada do território Yanomami, em 6 de fevereiro. Além de Ibama e PRF, a operação para combater o garimpo ilegal tem participação da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança Pública, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), das Forças Armadas e dos ministérios da Justiça, dos Povos Indígenas e da Defesa.

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“Com indignação e pesar soubemos do assassinato do agente de saúde indígena Ilson Xirixana. Outros dois indígenas Yanomami foram baleados. Vamos seguir prestando toda a assistência necessária ao povo Yanomami. Essa violência precisa acabar”, disse a ministra Nísia Trindade, após o assassinato do servidor. 

Equipes da Polícia Federal investigam o ataque ocorrido no sábado. O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse que “outras diligências seguem em andamento para a identificar, localizar e prender os autores dos crimes, enquanto as ações de desintrusão dos invasores das terras indígenas continuam no âmbito da Operação Libertação”.

As terras indígenas têm sido alvo de organizações que exploram ilegalmente as reservas minerais, situação que piorou nos últimos quatro anos sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Como resultado, populações indígenas sofrem com a fome, a violência, o desmatamento e a poluição ambiental causados pela atividade. 

Desde o início do mandato, o governo Lula tem atuado na região com medidas de saúde e de combate à desnutrição, bem como em ações ambientais e de segurança pública para retirar os invasores das TIs. 

“O Estado não vai tolerar garimpeiros criminosos que avançam contra indígenas na TIY. A preservação da paz nesse território é primordial, por isso o enfrentamento àqueles que, por motivos ilegais e criminosos se recusam a sair do território, será intensificado”, disse a ministra Sonia Guajajara nesta segunda (1º), pelas redes sociais. 

Ela destacou ainda que o “Governo Federal não vai ceder um milímetro nesse enfrentamento, por isso também está reforçando a segurança daqueles que atuam na linha de frente, para que tenham total segurança no exercício de suas atividade institucionais”. 

A ministra Marina Silva também se manifestou, ressaltando algumas das ações já realizadas. “Já destruímos 330 acampamentos de garimpo. Conseguimos retirar 20 aeronaves de operação. Duas grandes barreiras foram instaladas. Nosso serviço de inteligência tem encontrado indícios muitos fortes de que alguns pontos de garimpo tinham envolvimento com organizações criminosas. O Ibama não vai sair da Terra Yanomami tão cedo”, disse pelas redes. 

Além disso, também foram apreendidas até o momento 36 toneladas de cassiterita, 26 mil litros de combustível, além de equipamentos usados por criminosos. Imagens de satélite apontam uma redução de cerca de 80% de áreas desmatadas para mineração de fevereiro a abril em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o MMA. 

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Com informações do Governo Federal