No G7, Brasil se destaca na luta pela paz, contra a crise ambiental e a fome

Lula se reuniu com chefes de Estado e tratou de alguns dos principais temas que preocupam os países em nível global, mostrando que o Brasil de fato voltou ao cenário internacional

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Ao menos três acontecimentos ocorridos neste sábado (20), durante a cúpula do G7, reafirmam a mudança radical do posicionamento e do papel do Brasil no cenário mundial desde a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência e o fim do governo catastrófico de Jair Bolsonaro. Os assuntos em questão envolvem o papel do país na busca pela solução pacífica para a Guerra na Ucrânia, no enfrentamento à crise ambiental e no combate à fome. 

No que diz respeito à guerra, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, disse que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deseja se encontrar com Lula para tratar do assunto ainda durante a cúpula, que ocorre em Hiroshima, no Japão e termina neste domingo (21). 

Conforme noticiado, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, também teria a intenção de se reunir com o presidente brasileiro. Não há, no entanto, confirmação de data para tais encontros. 

Também neste sábado, Lula se encontrou com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz. E com o presidente da França, Emmanuel Macron, tratou de questões relativas à guerra e à preservação da Amazônia. 

Crise Climática

Na sessão do G7 neste sábado, Lula cobrou responsabilidade dos países ricos para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. “Não há dúvidas de que precisamos ampliar nossos esforços de mitigação, em especial os países que historicamente mais emitiram gases de efeito estufa, mas não podemos perder de vista a demanda crescente por adaptação e perdas e danos”. 

O presidente completou dizendo que “é por isso que insistimos tanto que os países ricos cumpram a promessa de alocarem 100 bilhões de dólares ao ano à ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não substituem o que foi acordado na COP de Copenhague”. 

Lula também salientou a importância de ações conjuntas e disse: “De nada adianta os países e regiões ricos avançarem na implementação de planos sofisticados de transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado pelo processo. Os países em desenvolvimento continuarão precisando de financiamento, tecnologia e apoio técnico para transformarem suas economias, combater a mudança do clima, preservar a biodiversidade e lutar contra a desertificação”.

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O presidente alertou para o fato de que o mundo está atingindo um ponto irreversível sobre a questão ambiental, o que exige celeridade no enfrentamento ao problema.“Não estamos atuando com a rapidez necessária para conter o aumento da temperatura global, como pactuamos no Acordo de Paris. Mas essa é uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau, nem no mesmo ritmo. Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa. E, da forma que caminhamos, esse número seguirá aumentando”.

Quanto ao papel do Brasil, destacou: “Temos consciência de que a Amazônia protegida é parte da solução. É por isso que estamos organizando em agosto deste ano, em Belém, uma cúpula de países amazônicos. E é por isso que o Brasil teve sua candidatura à sede da COP30 do clima aprovada após decisão unânime do Grupo Latino-Americano e Caribenho. Seguiremos abertos à cooperação internacional para a preservação dos nossos biomas, seja em forma de investimento ou colaboração em pesquisa científica”.

Combate à fome

O penúltimo dia da cúpula do G7 também foi marcado pela assinatura, por parte de 14 chefes de governo — Brasil, Japão, Austrália, Canadá, Comores, Ilhas Cook, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Coréia do Sul, Reino Unido, Estados Unidos, Vietnã e União Europeia — da “Declaração de Ações de Hiroshima para a Segurança Alimentar Resiliente”. 

No documento, os signatários reafirmam que “o acesso a alimentos nutritivos, seguros e a preços acessíveis é uma necessidade humana básica”. Por isso, compartilham “a importância de trabalhar em conjunto para responder ao agravamento da crise de segurança alimentar global, com o mundo enfrentando o maior risco de fome em uma geração, e para construir sistemas alimentares e agriculturas mais resilientes, sustentáveis e inclusivos, inclusive por meio do aprimoramento da estabilidade e previsibilidade nos mercados internacionais”.

De acordo com nota divulgada pela Presidência da República, os participantes da cúpula avaliam que, no curto prazo, a pandemia de covid-19, os preços internacionais de energia, alimentos e fertilizantes, os impactos das mudanças climáticas e os conflitos como a guerra na Ucrânia ameaçam a segurança alimentar global.

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A avaliação dos participantes é que, no médio prazo, é preciso preparar os países para prevenir e remediar de forma rápida as crises de segurança alimentar no futuro. Em um horizonte de mais longo prazo, a intenção é atingir a segurança alimentar global de forma resiliente, garantindo nutrição para todos.

Nesse sentido, a declaração aponta como compromissos dos países signatários apoiar a assistência humanitária de países que enfrentem níveis de emergência de insegurança alimentar agora; defender o aumento substancial no financiamento humanitário e de desenvolvimento; apoiar a exportação de grãos da Ucrânia e da Rússia; facilitar o comércio internacional aberto e transparente; fortalecer a coordenação entre países e instituições que cumprem o papel de doadores de alimentos, como a ONU e apoiar uma assistência imediata para aumentar a produção de alimentos.

Com informações da Agência Brasil e Palácio do Planalto