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Equipe do filme “A Flor de Buriti” protesta contra o marco temporal em Cannes

A Câmara dos Deputados aprovou requerimento de urgência, nesta quarta (24). Substitutivo ignora a história milenar dos povos indígenas

Foto: Divulgação/Entre Filmes

A equipe do filme “A Flor de Buriti” protestou, nesta quarta (24), no tapete vermelho do Festival de Cannes contra o marco temporal, depois que a Câmara dos Deputados aprovou o requerimento de urgência para a demarcação de terras indígenas.

Dirigido por João Salaviza e Renée Nader Messora, o filme concorre na mostra “Um Certo Olhar” e conta a resistência do povo Krahô, do norte do Tocantins. “O futuro das terras indígenas no Brasil está sob ameaça, não ao marco temporal”, dizia a faixa levantada pelos atores, Francisco Hyjnõ e Ilda Patpro, do povo krahô e a equipe do longa.

O marco temporal é uma tese que não consta na Constituição que busca estabelecer que apenas as terras indígenas ocupadas por eles na época da promulgação Carta poderão ser demarcadas.

Leia também: Julgamento do marco temporal no STF será retomado dia 7 de junho

O marco temporal estabelece que os povos indígenas só têm direito à demarcação das terras que estivessem ocupando na época da promulgação da Constituição Federal, ignorando toda a história dos povos originais antes de 1988.

A tese do marco temporal é pauta central da bancada ruralista que pretende explorar os territórios tradicionais, ferindo a vida da população originária e colocando em risco toda a biodiversidade protegida pelas demarcações de terra.

“Temos que compartilhar! A votação pelo marco temporal se aproxima e é hora de estarmos do lado dos povos indígenas dizendo NÃO AO MARCO TEMPORAL!”, publicou Renée Nader, uma das diretoras de “A Flor de Buriti”.

O filme atravessa os últimos 80 anos do povo Krahô, trazendo para a tela um massacre ocorrido em 1940, onde dezenas de pessoas foram assassinadas. Perpetradas por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a ecoar na memória das novas gerações.

Por 324 votos a favor e 131 contra, os deputados aprovaram o requerimento de urgência apresentado pelo deputado Zé Trovão (PL-SC). O projeto é de autoria do deputado Arthur Oliveira Maia (União Brasil-BA).

No Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento sobre o marco temporal para demarcação de terras indígenas será retomado no dia 7 de junho, conforme anunciado pela presidenta da Corte, ministra Rosa Weber.

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