Assassinato de Dom e Bruno completa um ano e indígenas cobram punição

O indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados durante uma expedição no Vale do Javari. Indígenas cobram por investigação que chegue aos mandantes e ao crime organizado

Foto: Reprodução Redes Sociais

Em 5 de junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips foram assassinados durante uma expedição no Vale do Javari, oeste do estado do Amazonas. O crime ocorrido há um ano ainda precisa de esclarecimentos.

A população indígena cobra por uma melhor apuração dos fatos, além de mais segurança, uma vez que os conflitos no Vale do Javari, a segunda maior terra indígena do Brasil, permanecem. A região fica entre Atalaia do Norte e Guajará, a maior concentração de povos isolados em todo o mundo: 64 aldeias de 26 povos e cerca de 6,3 mil pessoas.

Alvo das denúncias de Bruno e Dom, a localidade é marcada por conflitos que envolvem pesca ilegal, retirada de madeira e narcotráfico – principalmente pela posição na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

Leia também: Viúva indica continuidade do trabalho de Bruno Pereira

Para o procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo, a investigação precisa chegar aos responsáveis pelo crime organizado na região.

“A questão da investigação em cima do grupo que dá sustentação política àquele conjunto de atividades ilegais que funcionam na região. Um outro ponto que também é necessário que se investigue é o caminho do crime na região. É necessário que essa investigação, analisando esses dois pontos, aconteça justamente para que a gente garanta a segurança da região, não só para terra indígena como também para a população do entorno”, diz Marubo, que também cobra policiamento ostensivo que foi acordado junto ao governo de transição, mas não foi concretizado.

Segundo a presidenta da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, é preciso reforçar as estruturas e garantir uma política mais permanente na região.

Na última sexta-feira (2), o Ministério dos Povos Indígenas criou um grupo para combater a criminalidade na região, formado por: Funai, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) com representantes do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública da União, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil e da Univaja.

Justiça

Preso acusado como mandante do crime, Rubens Villar Coelho, conhecido como Colômbia, pagou R$ 15 mil em fiança e responde em liberdade desde outubro. Três acusados estão presos e aguardam julgamento e investiga-se a participação de mais oito pessoas no crime. Em maio, o ex-presidente da Funai Marcelo Xavier foi indiciado por omissão no caso.

Atos pelo Brasil

Nesta segunda-feira (5), ao menos seis atos serão realizados pelo Brasil pela memória de Bruno e Dom, nas cidades de Rio de Janeiro, Campinas, Belém, Atalaia do Norte e Salvador e no Distrito Federal. Também é previsto um ato em Londres, como aponto o jornalista e correspondente do The Guardian, Tom Phillips.

*Informações Agência Brasil. Edição Vermelho, Murilo da Silva

Autor