Lula volta a criticar juros altos e diz que país precisa de investimento
Em visita ao polo automotivo de Goiana, em Pernambuco, Lula e sua comitiva de ministros participaram do lançamento de uma nova linha de veículos da indústria, composto por 14 marcas.
Publicado 07/06/2023 11:03 | Editado 07/06/2023 16:47
Ao visitar o polo automotivo Stellantis, localizado em Goiana, Pernambuco, nesta terça-feira (6), o presidente Lula voltou a criticar a taxa básica de juros aplicada pelo Banco Central que está em 13,75%. Para ele, “não há explicação histórica para termos os juros mais altos do mundo”, disse.
O presidente explicou porque os juros altos atrapalham toda a cadeia da economia e ressaltou que o país precisa ter empresário com disposição para investir e trabalhadores satisfeitos com seu emprego.
“Como é que eu vou convencer um empresário a investir neste país se eu não der nenhuma garantia?”, questionou. Com juros altos, continuou o presidente, não há como garantir credibilidade, previsibilidade e estabilidade para atrair grandes investidores ao país.
Lula lembrou ainda que, sob o seu comando, o Brasil chegou a ocupar a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo e hoje está em 12º lugar.
Fazer a roda da economia girar
Segundo Lula, para a economia brasileira crescer é preciso colocar o povo pobre no orçamento. “Quando o povo pobre pode comprar o que comer, pode comprar o que vestir, ele faz o comércio voltar a funcionar. O comércio precisa encomendar produtos para a indústria. A indústria começa a funcionar. O comércio funcionando e a indústria funcionando vai gerar emprego. O emprego vai gerar mais um salário. O salário vai gerar mais um consumidor. O consumidor vai permitir que se gere mais emprego. É a roda gigante da economia funcionando e todos participando dela”, explicou.
“País precisa ter empresários com disposição para investir e trabalhadores satisfeitos”
O polo automotivo Stellantis já produziu, de 2015 para cá, mais de 1,4 milhão de automóveis e gera cerca de 60 mil empregos diretos e indiretos na região.
“O Brasil é para ser assim. Ter empresário com disposição de investir, trabalhadores satisfeitos com o que estão fazendo e brigando para ganhar mais, o estado crescendo, a cidade crescendo, e o povo vivendo em clima de paz harmonia e tranquilidade”, afirmou o presidente.
“É esse o país que queremos porque não existe sonho maior para uma mulher e para um homem do que a independência econômica, receber salário justo e cuidar bem da família”, completou.
O Polo Automotivo de Goiana foi implantado com um investimento de mais de R$ 11 bilhões e começou a ser concebido durante o segundo governo Lula, na gestão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Atualmente, gera mais de 14 mil empregos diretos. Para Lula, o local é o retrato do país que quer construir, com investimentos e empregos de qualidade.
“Momento de reconstrução nacional”
Ao acompanhar o presidente Lula no Nordeste, a ex-vice-governadora de Pernambuco, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reforça que o local simboliza a decisão política de investir no desenvolvimento regional e na industrialização, que voltam agora a ser prioridade no país.
“A visita resgatou esse fato histórico, que mudou a matriz econômica do Estado. Hoje, essa fábrica é uma das líderes mundiais no setor automotivo, que agrega muita tecnologia e inovação e gera cerca de 60 mil empregos em toda a cadeia produtiva. Isso mostra a força de uma decisão política de enfrentamento da desigualdade regional e de reindustrialização”, disse a ministra.
Cerca de 85% dos trabalhadores que atuam na Stellantis são mão-de-obra local. Para além dos empregos diretos, a fábrica estimulou o desenvolvimento de toda uma cadeia de fornecedores.
Após a instalação do polo, o PIB de Goiana – situada numa região que não possuía uma cultura automotiva e cuja economia estava baseada no corte da cana-de-açúcar, subiu 754%, do primeiro ano das obras da fábrica, em 2012, até 2019.
“Hoje, Lula veio a Pernambuco ver os frutos de um processo histórico que ele foi capaz de construir e dizer que o Brasil voltou para dar continuidade a essa retomada. É um momento de reconstrução nacional”, completou Luciana.