Lula critica as exigências da União Europeia no acordo com Mercosul

Em encontro com a presidente Ursula von der Leyen, o brasileiro disse que o bloco colocou obstáculos contra o agronegócio brasileiro que vão além da questão ambiental

Ursula von der Leyen e Lula durante encontro em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou o aumento das exigências feitas pela União Europeia para fechar o acordo com o Mercosul. No pronunciamento à imprensa nesta segunda-feira (12), diante da presidente Ursula von der Leyen, o brasileiro reclamou do dispositivo que prevê sanções no descumprimento de obrigações dos países no pacto.

“Expus à presidente von der Leyen as preocupações do Brasil com o instrumento adicional ao acordo, apresentado pela União Europeia em março deste ano, que amplia as obrigações do Brasil e as torna objeto de sanções em caso de descumprimento. A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é da confiança mútua, e não de desconfiança e sanções”, afirmou

Para ele, o bloco colocou obstáculos contra o agronegócio brasileiro que vão além da questão ambiental.

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“A União Europeia aprovou leis próprias com efeitos extraterritoriais e que modificam o equilíbrio do acordo. Essas iniciativas representam restrições potenciais às exportações agrícolas e industriais do Brasil”, disse.

Sem entrar na polêmica, Ursula von der Leyen disse que “é chegada a hora de concluir o acordo”.

“Nós temos a ambição de terminá-lo no mais tardar até o final do ano. Acredito que há grandes vantagens para ambos os lados. Vai criar condições corretas para que flua investimentos e respalda a retomada da industrialização do Brasil”, disse a presidente da União Europeia.

Parceria

Lula lembrou que a União Europeia constitui o segundo maior parceiro comercial do Brasil e o comércio poderá ultrapassar este ano a marca de US$ 100 bilhões.

“O Brasil também se destaca como o maior destino do Investimento Estrangeiro Direto dos países da União Europeia na América Latina, que se concentram nos setores de manufatura, infraestrutura digital e serviços”, lembrou.

Reiterou a ela o desejo do governo de construir uma agenda bilateral positiva. “Com cooperação ativa, podemos abrir horizontes benéficos em diversas áreas. O caminho deve ser a formação de parcerias para o desenvolvimento sustentável”, defendeu.

Além desses temas, Lula destacou a necessidade de reforma da governança global e as expectativas para a presidência brasileira do G20.

“Indiquei que nossas prioridades incluirão o desenvolvimento sustentável, centrado no combate à mudança do clima, à pobreza e à desigualdade”, apontou.

Amazônia

Na sua fala à imprensa, Ursula von der Leyen, anunciou investimento de € 450 milhões na Amazônia por meio do Global Gateway, programa de investimento internacional do bloco.

Desse total, € 20 milhões serão destinado ao Fundo Amazônia e € 430 milhões para ajudar o governo Lula a zerar o desmatamento na região até 2030.

“Conversamos sobre a Floresta Amazônica, que é uma maravilha da natureza, o pulmão verde do nosso planeta e grande aliada contra as mudanças climáticas. Então, queremos contribuir com 20 milhões de euros pra o Fundo Amazônico, no qual os Estados membros também deverão contribuir”, afirmou.

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