CPI dos Atos Golpistas aprova convocações de G. Dias e coronel Lawand

O coronel Lawand é alvo de investigação da Polícia Federal, que encontrou mensagens do militar tramando um golpe com o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro

Foto: Reprodução

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de Janeiro aprovou, nesta terça (21), a convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Marcos Edson Gonçalves Dias e do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha.

A comissão também aprovou a convocação do coronel Jean Lawand Júnior. Lawand teve conversas em tom golpista divulgada na semana passada. A Polícia Federal encontrou no celular do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, Mauro Cid, diversas mensagens tratando sobre a decretação de um golpe no país.

Na semana passada, a base do governo na CPMI se mobilizou para rejeitar a convocação de G. Dias (como é conhecido o ex-ministro). Os parlamentares entendiam que o ex-ministro deveria ser ouvido, mas numa data subsequente.

Para a situação, a comissão deve tratar as investigações como um processo que culminou até o dia oito de janeiro. Por isso, a base se mobilizou para aprovar o plano de trabalho da relatora senadora Eliziane Gama (PSD-MA) que atende este requisito.

Já a oposição tenta impor que a tentativa de golpe foi um ato isolado, consentido por uma suposta má vontade do governo federal em conter os bolsonaristas.

Convocação do G. Dias e Saulo

O ex-ministro Gonçalves Dias foi convocado pela comissão por aparecer em imagens divulgadas pela emissora CNN durante a invasão golpista. G. Dias pediu demissão do cargo imediatamente após a publicação da gravação. Para alguns membros da comissão, ele teria sido conivente com os terroristas.

Além disso, o ex-ministro teria omitido do Congresso um informe da Abin que alertava sobre a possibilidade de ataques naquele dia.

Já Saulo Moura da Cunha estava a frente da Abin na data dos ataques às sedes dos Três Poderes em Brasília. Cunha foi exonerado no início de março, quando Lula transformou a Abin em um órgão subordinado à Casa Civil.

Convocação do coronel Lawand

A convocação do coronel Jean Lawand Júnior foi requerida após divulgação de mensagens trocadas com Mauro Cid. “Cid, pelo amor de Deus. O homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, da divisão para baixo está. Assessore e dê-lhe coragem”, escreveu.

Autora do requerimento, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) comemorou nas redes sociais a aprovação da convocação. “APROVADO requerimento convocando o coronel do Exército Jean Lawand Junior para depor na CPMI do 8 de janeiro. Vale lembrar que Lawand mantinha diálogos com Mauro Cid, por mensagens de celular, sugerindo e pressionando o então auxiliar do ex-presidente a seguir um plano de Golpe de Estado. Mais um elo da corrente que cercava o ex-presidente”, publicou a deputada.

Confira abaixo todos os convocados pela CPMI
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança pública do DF;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);
Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro;
Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI na gestão Bolsonaro;
Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF);
Jorge Eduardo Naime Barreto, coronel responsável pelo Departamento Operacional da PM do DF;
Argino Bedin, empresário suspeito de financiar os atos;
Edilson Antonio Piaia, empresário suspeito de financiar os atos criminosos;
Leandro Pedrassani, empresário suspeito de financiar atos;
Joveci Xavier de Andrade, empresário suspeito de financiar atos;
José Carlos Pedrassani, empresário suspeito de financiar atos;
Diomar Pedrassani, empresário suspeito de financiar os atos;
Roberta Bedin, empresária suspeita de financiar atos;
Antônio Elcio Franco Filho, ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde de Bolsonaro e citado como autor de mensagens de cunho golpista a Mauro Cid;
Albert Alisson Gomes Mascarenhas, participou dos atos e há imagens gravadas;
Ailton Barros, ex-militar e autor de mensagens golpistas a Mauro Cid;
Marília Ferreira de Alencar; então subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do DF;
Jorge Teixeira de Lima, delegado da Polícia Civil do DF;
Jeferson Henrique Ribeiro Silveira, motorista;
Gustavo Henrique Dutra de Menezes, ex-chefe do Comando Militar do Planalto;
Alan Diego dos Santos, bolsonarista preso por tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília
George Washington de Oliveira Sousa, preso por bomba deixada no aeroporto de Brasília às vésperas da posse de Lula;
Wellington Macedo de Souza, acusado de participar de tentativa de atentado com bomba no aeroporto de Brasília;
Fernando de Souza Oliveira, ex-secretário executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF;
Fábio Augusto Vieira, ex-Comandante da PM do DF;
Robson Cândido, Delegado-Geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF);
Marcelo Fernandes, delegado da Polícia Civil do Distrito Federal;
Márcio Nunes de Oliveira, ex-Delegado-Geral da Polícia Federal;
Milton Rodrigues Neves, delegado da Polícia Federal;
Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra, coronel da PM do DF e ex-chefe interino do Departamento de Operações (DOP);
Leonardo de Castro, diretor de Combate à Corrupção e Crime Organizado da Polícia Civil do Distrito Federal;
Júlio Danilo Souza Ferreira, ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal;
Ainesten Espírito Santo Mascarenhas, empresário e pai de um dos participantes dos atos;
Adauto Lucio de Mesquita, empresário acusado de coordenar financiamento para os atos;
Valdir Pires Dantas Filho, perito da Polícia Civil do Distrito Federal.

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