Presidente do Banco Central é “teimoso”, diz Lula

Para o presidente, “não tem mais explicação” a taxa básica de juros ainda estar alta, No programa Conversa com o Presidente, ele diz também que a Saúde será beneficiada pela nova política industrial do governo

Imagem: TV Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou em live nesta terça (11) que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, é “teimoso”, mas que a taxa de juros tem que começar a cair no Brasil.

“As pessoas que eram pessimistas estão vendo dólar cair, a economia crescer, sinais de que salário vai crescer, de que emprego vai crescer. Ou seja, as pessoas estão ficando mais otimistas. A inflação está caindo e logo, logo vai começar a cair a taxa de juros, porque o presidente do Banco Central é teimoso, é tinhoso, mas não tem mais explicação”, disse.

Em entrevista para o podcast semanal Conversa Com o Presidente, apresentado pelo jornalista Marcos Uchoa, da EBC, o presidente comemorou a aprovação, na última sexta (7) da Reforma Tributária e o texto-base do projeto de lei que restaura o voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).

“Estou feliz porque foi uma semana muito importante para o Brasil, não foi importante para o governo, foi importante para o Brasil. Espero que o Senado repita a votação da Câmara e espero chegar no fim do ano com política tributária nova, para a gente nunca mais ficar falando de política tributária nesse país”, afirmou.

Lula ainda disse que não negocia com o centrão, mas com partidos e disse que o apoio dos siglas é fundamental para a sustentação da pauta do governo. “Sem maioria, você se mata”, afirmou.

“Às vezes, um cara apresenta uma sugestão em uma medida provisória ou projeto de lei melhor do que aquela que o governo apresentou”, disse. “Não é a política do dando que se recebe que todo mundo fala.”

Ele destacou que essa governabilidade “foi construída para votar a política tributária, mas não por ser do interesse do [Fernando] Haddad ou do Lula, e sim por ser uma coisa de interesse do país”, que precisa de tranquilidade e paz para criar condições de fazer com que a economia cresça e, acima de tudo, para que esse crescimento seja repartido entre todos os brasileiros.

“É isso o que tentamos construir, reduzindo a capacidade de pagamento de imposto, mas aumentando a quantidade de pessoas que vão pagar. O governo pode cobrar menos e arrecadar mais porque tem mais gente pagando. A gente então inibe a sonegação”, disse o presidente.

“Por isso foi importante a aprovação do Carf. É nele que se fazem as negociações entre os devedores e a Fazenda. Só que quando dava empate o sonegador ganhava. Nós então resolvemos que deveria ter um voto de desempate, e colocamos o governo dando o voto de desempate”, acrescentou.

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Indústria e Saúde

O presidente antecipou que um dos setores a serem beneficiados pela nova política industrial a ser implantada pelo governo federal será o da saúde. A ideia, segundo o presidente, é favorecer pequenas e médias empresas do setor, por meio das compras governamentais a serem feitas para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Lula destacou que a questão vem sendo debatida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), com a ajuda do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.

“Um país que tem política industrial correta exporta produtos com maior valor agregado, trazendo mais dinheiro para a população. E o país cresce do ponto de vista científico e tecnológico”, disse o presidente ao criticar o fato de o CNDI não se reunir desde 2015, o que, segundo ele, indica a ausência de uma política industrial para o país.

Lula elogiou a forma como Alckmin conduziu a reunião, que já resultou em um “arcabouço de proposta de política industrial”, a ser discutida também no Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), mais conhecido como Conselhão, antes de se tornar uma política de governo.

“Temos de discutir que nicho de indústria queremos fazer crescer e que tipo de indústria vamos querer inovar. Uma delas é a da saúde, porque o SUS é um grande mercado consumidor”, antecipou o presidente.

“Por isso defendemos fortalecer as compras governamentais, porque se abrir para comprar produtos estrangeiros, a chance da pequena e média empresa acaba. E são elas que geram riquezas e empregos para o país”, acrescentou.

Ao falar sobre transição energética e ecológica, Lula voltou dizer que o setor de saúde também poderá ser beneficiado por atividades desenvolvidas na Região Norte. “A biodiversidade da Amazônia pode favorecer indústria de fármacos e de cosméticos. Temos um mundo à nossa frente, e que não temos de ter medo de desbravá-lo”.

Com trechos da Agência Brasil

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