Cenário econômico melhora e vendas de eletroeletrônicos crescem 13%

Índice foi registrado nos primeiros seis meses deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2022, as vendas saíram de 39,07 milhões de unidades para 44,02 milhões

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Após 18 meses de quedas consecutivas — um dos piores ciclos que já enfrentou —, o setor de eletroeletrônicos passou a registrar crescimento a partir de janeiro deste ano. As vendas saíram de 39,07 milhões de unidades registradas no primeiro semestre de 2022 para 44,02 milhões no mesmo período deste ano, um aumento de 13%. 

Entre os itens que apresentaram maior crescimento em sua comercialização estão os televisores, com 19%, seguidos dos aparelhos de ar-condicionado, com 16%. Na sequência vêm os portáteis — que formam o maior portfólio do setor —, com 13% e a linha branca, com 4%. Os dados foram divulgados nesta semana pela Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros).

“Se o segundo semestre se mantiver dentro da média histórica de desempenho do segmento, podemos prever um crescimento anual entre 4% e 6% em relação à 2022”, diz o presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento.

Apesar de cada um desses tipos de itens sofrer influências diferentes e, em alguma medida, a venda poder refletir a reposição de estoques após as dificuldades enfrentadas nos últimos anos, o aumento geral no setor vai ao encontro do cenário positivo que a economia vem registrando nos últimos meses. As recentes quedas na inflação, o aumento no PIB, a abertura de vagas de trabalho com carteira assinada, por exemplo, são alguns dos elementos que contam para essa melhora, assim como a aprovação das novas regras fiscais e da reforma tributária, cujas tramitações ainda não foram concluídas. 

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Por outro lado, a manutenção da taxa de juros no patamar de 13,75% vem freando a evolução da economia como um todo, o que inclui o segmento dos eletroeletrônicos. “As dificuldades no acesso e o custo do crédito prejudicam a indústria e o varejo”, diz Nascimento.

Segundo o executivo, a entidade — que reúne 33 empresas responsáveis por 97% da produção do setor — defende “uma queda responsável da taxa de juros, para podermos recuperar as perdas recentes e avançarmos para um novo ciclo econômico mais positivo do que os dos últimos meses”. 

A queda de braços contra os juros altos continua, reunindo, de um lado, governo, setores produtivos e representantes de segmentos variados da sociedade e, de outro, o Banco Central, que tem preferido fazer o jogo do mercado financeiro do que ajudar a alavancar o país. Sinalizações recentes indicam que finalmente, na próxima reunião do Copom, em agosto, poderá haver a tão necessária queda. 

Nesta quinta-feira (13), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a política adotada pelo BC, a partir da posição irradiada por seu presidente, Roberto Campos Neto. Durante cerimônia de assinatura do novo Minha Casa, Minha Vida, Lula disse que “não está pedindo nenhum absurdo” quando defende a queda na Selic e destacou: “Nós estamos pedindo que os juros precisam ser menores para facilitar que os empresários possam tomar crédito, para facilitar que a economia volte a crescer, para facilitar que o pequeno e médio empreendedor possa financiar seu negócio, é só isso”.

No âmbito do governo federal, entre outras medidas que têm sido tomadas a fim de reaquecer a economia, está a política de reindustrialização. Neste sentido, uma das ações mais recentes foi o anúncio da injeção de R$ 106,16 bilhões nos próximos quatro anos no setor. 

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