Mercosul observa eleição na Espanha de olho no acordo com a União Europeia

País vai às urnas neste domingo (23) e define também a presidência rotativa do bloco europeu até o fim de 2023. Extrema-direita é crítica ao acordo com o Mercosul.

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A Espanha vai às urnas neste domingo (23) em eleição geral que pode influenciar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Mais de 37 milhões de espanhóis podem ir às urnas para definir a composição do parlamento, Câmera dos Deputados e Senado.

Sob o regime parlamentarista, as eleições definem quem será o futuro primeiro-ministro e, consequentemente, a presidência rotativa da União Europeia, até o fim de 2023. A Espanha lidera o Conselho da EU pela quinta vez.

O PP aparece, em média, com 34% dos votos, e o PSOE, com 28%. Em terceiro lugar, empatados em 13%, estão o Vox e o Sumar, coligação de esquerda que reúne seis partidos nacionais e outros 14 regionais.

Apesar de incerto, os conservadores do Partido Popular (PP) lideram as pesquisas nas últimas semanas. Na reta final, no entanto, o cenário ficou muito mais aberto já que a esquerda se uniu (Unidas Podemos) para isolar a extrema-direita, o Vox.

Desde 2019, o país é liderado pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) de Pedro Sánchez.

Se o PP confirmar o favoritismo, a expectativa é que os conservadores formem governo com a extrema-direita, já que sozinhos não conseguiriam alcançar a liderança absoluta de 176 assentos para governar.

A disputa pelo terceiro lugar na composição do parlamento, portanto, é de suma importância para a formação do governo. O mesmo se aplica para o PSOE, que necessitaria do avanço do Sumar, que está com 13%, para voltar à liderança do país.

Vox e o Mercosul

Na hipótese de um acordo entre o PP, de Alberto Nuñes Feijóo e o Vox, de Santiago Abascal, seria a primeira vez desde a redemocratização da Espanha que um partido de ultradireita estaria presente no gabinete ministerial. O Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco e atua para criminalizar o aborto e outros direitos da mulher, além de serem anti-imigração.

O líder do Vox, Santiago Abascal, é contra a globalização e integração das economias. Abascal já criticou o acordo entre União Europeia e Mercosul. Em outubro do ano passado, o líder do Vox mandou mensagem de apoio ao então candidato a reeleição Jair Bolsonaro.

“Da Espanha, quero enviar todo o meu apoio ao presidente Bolsonaro, que neste domingo lidera a alternativa dos patriotas, a de nós que queremos nações livres, prósperas e soberanas, contra o comunismo e o globalismo. Avante Brasil e avante Bolsonaro”, publicou Abascal.

Especialistas afirmam que a candidatura da extrema-direita incentiva a mobilização às urnas da parcela euro-cética no país. O euroceticismo é uma ideologia política assentada na desconfiança ou na descrença acerca da União Europeia (UE).

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